segunda-feira, 1 de março de 2010

Crônicas de Arximo - 3

O homem corta um pequeno trecho de floresta. Já desceu a montanha. Se é que um dia ela de fato, existiu. Logo ao fim da floresta, uma cabana.
- Dia, companheiro. O que o traz a tão longínquas e solitárias terras? – pergunta o nativo, com jeito de descendente indígena.
- Apenas aprecio uma caminhada. O senhor poderia me oferecer algo para comer? – dispara sem relutância o homem.
- Sim, companheiro. Queira me acompanhar.
E entram na cabana, os dois homens, conversam sobre nada e comem o necessário para as próximas horas.
- Agradeço a hospitalidade. – diz o homem.
- Sinta-se à vontade para voltar – retruca o indígena.
Mas ele nunca volta. Não olha para trás. Apenas prossegue rumo ao farol.

Andando, saca sua flauta de bambu do bolso. Cinco canos, portátil e corta o silêncio como navalha. O homem, com semblante firme, toca sua flauta, pára, ouve o vento na copa das árvores. Sente o nada ficando, como um retardatário. Será que chegaria à uma resposta. Quase 3 meses. Não estava cansado. Por verdade, queria mais, através do nada, via-se ao fundo, o tudo. Sentia o sangue fluir ao longo de seus quase 1,80m de altura.
Em um riacho próximo, se lavou, trocou suas roupas e tirou um cochilo.

Era tarde quando chegou à cidade abandonada. Sentia enfim, o nada novamente. Acostou-se e soltou um grito:
- Alô! – e sentiu o eco ressoar pelos cantos.
Prosseguiu então, em frente. Cruzou 1... 2 km de ruas e alamedas de terra. Barracos de madeira vazios, sons de animais domésticos que não pareciam à vontade com sua presença. Chegara ao pé do farol.

Sentiu um calafrio. Um arrepio percorreu seu corpo. Era momento para uma boa noite de sono. Sabia que talvez... ou não. Sentia algo fugindo de si. Não se importou, era a sensação que mais lhe visitava. Abriu o saco de dormir e fez uso de sua primordial função. Dormiu.
Sonhos, pesadelos se intercalaram. Via uma batalha, gladiadores. Uma armadura vazia e um espadachim metido duelavam por uma rosa branca. Em seguida, viu um campo. Novo duelo, desta vez, duas mulheres, há tempos não via mulheres, mesmo em sonhos. Este duelo representava a vitória uma rosa vermelha. Sua visão mudou novamente. Viu uma cidade, uma família, brasões. Duas famílias. Duas dinastias. Acordou em meio ao fogo. O farol se dissipava em chamas.


Continua...

Hint: referência histórica, as rosas já duelaram, guerrearam.

3 comentários:

Ludmilla disse...

Este é o tipo de momento, em jogos de rpg, em que eu fico tensa o.o

Tarso "Carioca" Santana disse...

Dorgas, parei, agora escrevo textos!
xD

Mt legal, a mistura do real com o sonho ficou bem interessante!

Abraço

André M. Oliveira disse...

Hehehehe, Lancaster e York. Interessante....