Era peculiar a maneira como tinha o que desejava. Devia ser seu carisma. Porém, nunca teve tanto. O homem prosseguia caminhando, sem perguntar, sem ouvir, apenas pensando, sem consciência e/ou voz de compensação.
Anoitecia, dormia. Carregava na mochila um saco de dormir. Algumas roupas, suprimentos extras, quase não os usava. Dormiu no nada, ao pé da montanha, que, não parecia oferecer perigos. O homem estava enfim, nulo, excluso aos pensamentos de que existiam outros como ele no mundo. Adormecera.
Manhãs, tardes, noites. Humanos continuavam a lhe servir com cordialidade e prontidão. Não precisava então, se preocupar com alimentação. Não amava. Não odiava. Apenas buscava.
Uma semana se passou. Nada acontecera. Monótono, entretanto, livre dos “contemporanistas”. A idéia de “ismos” não lhe agradavam. Até que gostava um pouco do “egoísmo” e de suas ramificações.
Afinal, que montanha era aquela? Não oferecia frio, ou perigo, ou, adrenalina... Era mesmo seu próximo marco.
Só tinha certeza de uma coisa: seu epitáfio. Diria: “O nada lhe precede, o nada lhe prossegue.”. O nada era seu melhor amigo. Era apenas o que ouvia.
E eis que... o homem chega ao topo da montanha. Não olha para trás. Sente que pode estar chegando perto. Não sabia bem o que buscava, só tomava para si que o nada prosseguia, mas, uma hora, o tudo lhe completaria. Era o topo, calmo e sereno. Não tinham mosquitos. Sim, chegou a hora de ela aparecer...
- E agora, qual é o próximo marco, onde me levará? – pergunta o homem, parecendo esboçar um pequeno sorriso.
- Onde você se levou e onde vem se levando há 2 meses e meio. Responde a consciência, retumbante, parecendo pressentir o que o pequeno esboço de alegria queria dizer.
- Ainda acredito em você, não é tarde para voltar atrás... – completa a consciência.
- Não se iluda mais. O atrás não se faz. Se nada tenho deixado, para onde serei levado? – indaga o homem, em tom poético.
- Sentes, pois? Não está abalado, pois sabe que o nada será deixado. É isto em que acredita? – desafia a voz, em tom de deboche.
- Então você sabe. Por fim, não estou aqui em vão... – completa com altivez o nobre homem.
E ao longe, avista um farol. Estranho farol, no meio de uma cidade abandonada. Não ilumina, não há água por perto. Aquele era o próximo marco.
Continua...
Hint: Mosquitos são presságios de morte em algumas mentes insanas.
4 comentários:
Pelo menos deve ser melhor dormir no farol que no pé da montanha. E sem mosquitos também, ainda.
Insano vei!!
Muito bom! Conseguiu dar um prosseguimento bacana.
Estou ansioso pela continuação. Pela chegada ao "Próximo Marco"
Que bom que estão gostando, eu escrevi as 3 primeiras partes em sequencia, todas com o mesmo tamanho mais ou menos... Espero postar toda segunda e sexta : ] (é, procurarei evitar os mosquitos no caminho do nosso heroi hehe)
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