terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Paz


- Papai, veja, aquela nuvem se parece com um cachorro, e aquela outra com um sorvete, e...Ei, o Dudu chegou, posso ir lá brincar com ele?
- Claro que pode, para isso viemos ao parquinho, certo?

Ele sai correndo, por entre os brinquedos e as outras crianças. Ainda bem que é ainda muito jovem para perceber a preocupação na face deste velho pai.
Olho em torno, para além dos infantes aventureiros que voam, lutam, escalam, se transformam em um piscar de olhos, a seu bel-prazer. Olho e vejo. Vejo uma rua triste, com pessoas que passam sem perceber nada em volta. Apenas passam. Rua esta que faz parte de um ninho de almas opacas que chamam de cidade. Cidade esta integrante de uma nação rica, coalhada de habitantes pobres. Nação que é peça de um quebra-cabeças, que hoje forma um mundo morto, assassinado por quem nele mora.
Essa visão me entristece, que tipo de vida posso deixar pro meu garoto? Isso me incomoda. Fecho os olhos.
Agora ouço. Ouço a sirene de uma ambulância, não muito distante. Pode ser que dentro dela um garoto trave a luta pela sobrevivencia. Assim como fora dela uma mãe batalhe contra o medo e o desespero. Pode ser que este garoto seja um criminoso, pode ser que seja vitima de um crime.
Às vezes acho que a vida é muito dura. Não percebo nada de positivo, me sinto cercado de coisas ruins e...

- Pai! Olha só! Eu consigo equilibrar sozinho!!

Ele sorri enquanto fala, e ao olhar para aquele sorriso também sorrio enquanto tudo em minha mente se dissipa, resta apenas uma sensação na qual mergulho profundamente, uma sensação maravilhosa...

6 comentários:

Anônimo disse...

seu namoradinho de infância se chamava Dudu??

Wolv disse...

Pika, achei que esse final feliz não ornou hein.
Cadê a escrotização característica??
ahhaha

André M. Oliveira disse...

Cadê a escrotização???
Bem, a proposta dos contos é: Em cada conto um personagem diferente, com sentimentos diferentes, em ambientes diferentes. Não há uma linha a ser plenamente seguida. Mas, também achei esse conto muito "mentol". Vamos ver o que vem no próximo.

E não Igor, eu não tinha "namoradinhos de infância", logo não havia nenhum dudu. Essas histórias não são de memórias minhas, são criações minhas.

Anônimo disse...

aah sim... ele não era seu namoradinho então... chato isso, de amor não correspondido =/

Ludmilla disse...

Eu gostei. Eu sou mãe e entendi o texto.

Mandy disse...

Salvou minha vida! =P auihauiah
Mto bom... ;)