quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Titanomaquia: Parte 2 - O Monte Olimpo

Capítulo 9

Todos os Curetes estavam em transe, afetados pelo inebriante feitiço de Métis. Para eles era como se o tempo não passasse, tudo que percebiam era o desenrolar infinito de coisa alguma. Uma sensação embevecedora de paz que nenhum deles entendia ao certo.

Enquanto isso a oceaniade observava-os cuidadosamente. Os famosos guerreiros estavam completamente a sua mercê, entretanto ainda se perguntava o que eles estariam guardando de tão importante para Réia.

Métis era a mais poderosa das filhas de Oceano. Seus feitiços transcendiam as meras poções das demais oceaniades, alguns surtiam efeito pela simples percepção de seu aroma.

De súbito um estardalhaço na copa das árvores, e eis que surge uma grande águia que, pousada no mais espesso dos galhos de uma oliveira, comtempla-a com um olhar pensativo.

Métis voltou a mover suas mãos levemente, espalhando um doce aroma pelo ar, enquanto dizia jocosamente:

- Olá, frondosa ave, por que me olhas como se me compreendesses?

- Compreendo-te melhor do que supões, Métis, filha de Oceano, por isso peço que pare com este sortilégio, pois, estou melhor preparado para lidar com ele do que os pobres mortais que enfeitiçastes.

Ao ouvir tais palavras a oceaniade começou a se mover para trás lentamente. Contava com a possibilidade de ser entendida pela águia, mas não estava preparada para uma resposta. Ainda mais nesse tom!

- Ora, belo pássaro, estou apenas me defendendo.

- Não consigo lhe enxergar na defensiva, Métis.

- O que uma jovem oceaniade pôde ter feito para que requeira tamanha desconfiança?

- Olho em volta e vejo que fez muito. Muito que me desagrada.

Ao dizer isso Óbulo começou a abrir lentamente as asas, mantendo seus olhos fixos na oceaniade.

Agora as coisas começavam a voltar para o controle de Métis. A águia tinha proporções para muito além do normal e a altura na qual o pássaro se encontrava o retirava do espaço fechado da floresta, deixando-a ao sabor do vento que passava por sobre as árvores. O que certamente dissipava a mistura de pólen capaz de entorpecer qualquer criatura, mas ao descer em vôo razante essa vantagem se perderia. Ao menos, era isso o que ela esperava.

Mas ao invés de uma investida aérea Óbulo começou a bater suas asas ritmadamente. Cada vez mais rápido, de forma que uma forte lufada de vento varreu o doce aroma do sortilégio de Métis, a qual começou a se distanciar, mantendo os olhos fixos na grande ave, se afastando de costas mais e mais, até que...

- Aha! Peguei-a Óbulo!

Exclamou triunfante o jovem Zeus que surgira do meio da floresta e agora tinha a oceaniade imóvel em seus braços.