quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Blues da Mocinha

A postagem anterior do Igor me fez lembrar de um trabalho meu da faculdade: uma prima obra do bom gosto. Apreciem com moderação:

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Era uma vez...



"Era uma vez, nos tempos antigos, antigos como as montanhas que se vêem ao longe, em uma aldeia distante, quando a tristeza e o desânimo se quedavam sobre os habitantes, a ponto de alguns adoecerem de angústia, estes se sentavam em torno do velho mago da tribo para ouví-lo contar como os avós dos avós de seus avós haviam passado por terras fantásticas, vivendo grandes aventuras até chegar aquele lugar onde escolheram erguer suas casas, arar a terra e criar seus filhos. As crianças agitavam-se empolgadas com as narrativas enquanto os adultos contemplavam, apropriando-se de cada frase, reconhecendo na trama algo de si e identificando-se com personagens. Era reconfortante saber-se, ainda que de forma indireta, protagonista de uma história com muitos heróis. Certo dia porém o mago morreu repentinamente, sem deixar um substituto para narrar as histórias de sua gente.
Preocupados, com receio de que as histórias desaparecessem, alguns temiam que as pessoas se dispersassem. Então um jovem teve uma ideia: homens, mulheres e crianças deveriam se reunir naquela mesma clareira onde tantas vezes haviam ouvido os contos da boca do antigo líder e passar, cada um por sua vez, a contar trechos de uma saga coletiva, que ganhava novos elementos, detalhes, conotações e tons a cada encontro.
O povo descobriu então que, enquanto pudesse narrar, teria algo em comum, uma identidade, um lugar de pertencimento - e eles não se perderiam uns dos outros. Ainda que porventura alguém não estivesse fisicamente próximo, seria preservar um lastro - estaria garantido um espaço de existir."
Esta pequena história não é de minha autoria. É uma antiga lenda africana que li recentemente. Tal lenda dispertou em mim a ideia de que assim como os habitantes dessa tribo somos todos narradores de histórias de nós mesmos, de uma forma ou de outra. Tanto de forma direta, dividindo experiências realmente vividas, como de forma indireta, deixando nossa marca em um texto, ou em um comentário.
Então, aproveito o ensejo para parabenizar a todos aqueles que neste ano se sentaram nesta "clareira" que chamamos de Mente Insana para contar suas histórias, assim como a todos aqueles que engrandeceram-nos parando por alguns momentos para aprecia-las em alguns momentos colaborando com a elaboração de nossas histórias através dos comentários, em outros tecendo histórias silenciosas que se desenrolam dos olhos para dentro, nos reconditos da alma e se impregnam no inconsciente aguardando o momento de se tornar uma ação no mundo.
Assim, desejo a todos ótimas festas e faço votos para que todos tenham um prazeroso fim de ano, em 2011 continuaremos por aqui, alimentando nossas mentes com a insanidade necessária para manter nosso corpo são.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A falta que faz.3gp

Bem... como fiquei um tempo sem postar por causa da faculdade, nada mais justo que postar um dos trabalhos hehehehe


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Férias


Não entendo porque gosto tanto de você...

Durante as noites que saio, você quase nunca é gentil.

Me deixa perdido, desnorteado e as vezes até doente.

Troca pouquíssimas palavras comigo.

Quando acho que descobri sua essência, você se transforma e muda tudo que eu tinha como certo.

Você sabe que eu nem sempre fui seu, para falar a verdade sempre fui de muitas.

Todas as noites antes de voltar para dormir com você, passava por pelo menos uma ou duas.

Não faça cara de choro! Sei que você também nunca foi só minha.

É, eu sei que aquele tal de Caetano já andou fazendo musiquetas com aquele apelido que eu te chamo.

Mas nada disso importa.

Mesmo com todas essas coisas é só você que me alegra e seduz a cada instante.

Ainda que você não me dê a atenção que mereço, você me conquista com os seus jeitos, olhares e até com as comidinhas que você faz para mim.

Antes do final de semana eu devo ir embora, mas não fique triste, pois você sabe que eu sempre voltarei para você.

Te amo minha linda São Paulo.

sábado, 20 de novembro de 2010

Histórias de Ninguém - 2

Trafego pela Avenida Presidente Getúlio Vargas no Centro do Rio de Janeiro, ao meu lado no banco traseiro do Sedan Premium está meu sócio. O motorista imprime velocidade, quase não há trânsito por ser sábado, diga-se de passagem um péssimo dia para uma reunião da firma.


Olho pelos vidros fumês e assisto o espetáculo do Oxímoro Carioca que deixa no mesmo plano a miséria de muitos e a opulência de poucos. Anastácio, meu sócio, fala sobre o temor de que os investimentos internacionais mudem o fluxo devido a possíveis alterações administrativas realizadas pelo governo vindouro. É bom ter alguém precavido no trabalho, mas não vejo isso como uma preocupação já que se manterá a plataforma política.


Ele não para de falar, já repetiu a frase "Temos que ter cautela com as ações" seis vezes durante o percurso da avenida, está incomodado porque acha que não estou prestando atenção no que está dizendo. Não demonstro atenção porque já pensei sobre esse assunto e deixei as medidas preventivas para qualquer problema nas mãos dele.


O motorista diminui para para entrar no retorno, vejo um senhor de aproximadamente 60 anos sem camisa se barbeando com a água que escorre de um encanamento enferrujado. Metros depois uma garota em seus 17 anos trajando o uniforme de uma escola pública de educação infantil seduz um menino de no máximo 9 deixando à mostra parte de sua calcinha.


À frente do carro do lado esquerdo vai uma moto e atrás desta um Fiat 147. Vamos entrar na próxima rua. O motoqueiro sinaliza com a seta que vai mudar de faixa, o sol e a desatenção de meu motorista impedem-no de ver isso. Vamos bater, não dá tempo de fazer nada, ou de falar, só tenho tempo para olhar o painel: 57Km/h.


Ouço o som abrupto da buzina seguido da frenagem, o motorista tenta desviar, mas para o lado errado, em direção ao outro carro. O motoqueiro é atingido na traseira e cai, os dois carros se chocam , o Fiat vai para o centro da pista, meu carro atinge um poste frontalmente.


Dois baques fortes, seguidos de solavancos do cinto de segurança e uma batida de cabeça no vidro.


Respiro fundo. Anastácio está inclinado chutando a porta, uma péssima ideia, movimentos bruscos agravarão qualquer traumatismo que tenha ocorrido. Olho para o Caput amaçado, o motor sofreu danos, o carro foi atingido lateral e frontalmente, logo o tanque de combustível pode estar vazando, calculo que 15 segundos seja um tempo seguro para sair do carro. Perdi 4 segundos nesses pensamentos, Anastácio continua chutando a porta da direita, antes de me mover movimento os dedos dos pés e das mãos enquanto ensaio movimentos faciais. Minha cordenação motora fina está estável, vias eferentes e eferentes parecem bem. Mais 3 segundos nessa auto análise. Com uma mão retiro o cinto enquanto estico a outra e simplesmente destravo a porta, em momentos de desespero as pessoas devem lembrar de não tomar atitudes desesperadas. Saio do carro, piso no asfalto contando 13 segundos, me afasto um pouco, tento perceber cheiro ou marcas de gasolina pelo asfalto. Não há vazamento aparente. Caminho até a porta do motorista. Ele está desacordado com um sangramento na testa. Abro a porta com a chave extra que possuo. O pulso dele está estável, melhor não retirá-lo do veículo sem imobilizar o pescoço. Ligo para a emergência ainda ouvindo chutes na porta do carro, contei 13 até agora, acho que Anastácio tem visto muitos filmes de ação.


Após chamar o socorro vejo meu sócio saindo pela porta que eu abri. Em minha direção vêm o motorista do Fiat 147, um homem de meia-idade negro, de aparência forte, mas olhar assustado, e o motoqueiro, um jovem ainda encoberto pelo capacete, com a calça jeans rasgada e a perna sangrando. Ambos se desculpam o motorista acusando o garoto e este assumindo o erro. Olho em volta, o idoso que fazia a barba está incomodado com um corte proporcionado pelo seu material improvisado, o menino olha com assombro o acidente, mas rapidamente volta a olhar para a garota mais velha que agora exibe com um puxão parte do que agora se mostra uma calcinha fio dental. Ela está de costas para o acidente, pede para que ele fale algo, consigo ler obscenidades em seus lábios. Ela o está condicionando, o ensinando a ser mais um membro da multidão de invisíveis que nos rondam. O motoqueiro continua se desculpando.


Olho para os veículos, a moto, uma CB 150, está muito amassada, o Fiat apenas amaçou a porta. Viro e faço dois cheques com o suficiente para os danos, digo que foi um acidente, poderia ter acontecido com qualquer um e peço para o garoto aguardar a ambulância. Meu sócio está desesperado com o acidente, mando-o notificar o seguro e vejo que meu motorista acordou. Digo para que permaneça parado. O dono do Fiat e o motoqueiro ainda olham fixamente para os cheques em suas mãos, sem compreender porque dei dinheiro a eles. Vejo a ambulância se aproximando, seria ótimo se houvesse cura para essa constante ressaca moral em que vivemos. Dou de ombros e me encaminho para a viatura pensando em como é possível que nos mantenhamos cegos àquilo que mais deveria saltar aos olhos enquanto não somos capazes de desviar os olhos de coisas que apenas simbolizam um poder que todos almejam, sem saber o que realmente significa.









domingo, 14 de novembro de 2010

Desculpas de um pessimista

Vou dormir de óculos escuros hoje
sei que, amanhã, de manhã,
o sol não vai brilhar tanto mesmo
fecharei a minha janela ao levantar
sempre há, nem que mínima,
a possibilidade do mundo, nem que só o meu,
acabe, e eu perderia isso.
Irei a um baile de máscaras mais tarde, a tarde
onde não reconheceria ninguém,
nunca reconheço as pessoas com máscaras
Ou, quem sabe, pedirei em casamento a primeira mulher que encontrar
aliás, estranho como meus casamentos acabam
nunca sei o nome, sempre assim, da mulher do meu lado
e depois que chegar em casa
vou pensar, com pesar, contido e contente
em como acordarei bem na manhã seguinte
sem arrependimentos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Lembre-se



Você NÃO é especial

sábado, 6 de novembro de 2010

Um novo dia


Hoje eu percebi
que estou cansado de viver
Nesses tempos tão estranhos
que não posso crescer

Nunca encontro um motivo
para comemorar
E as chuvas que caem
mal podem me molhar

E nas fotografias
nenhum sorriso se quer
uma sopa sem gosto
todo dia um colher

Cicatrizes escondidas
por histórias mal contadas
De um dia esquecido
em uma página virada

Todos perfumes
me parecem iguais
e todos agem
como se fossem normais

Se a TV desligou
e não quer mais voltar
vou fazer minhas malas
e me mudar

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inspiração no modismo

Podemos fingir que um avião no céu noturno é uma estrela cadente?!
Eu poderia mesmo usar um desejo agora, um desejo agora, um desejo agora...



e me pego nessa vontade toda vez que um momento se torna um marco...

sábado, 30 de outubro de 2010

Escolhas Excluem


Escolhas excluem. E ao dizer isso já foi excluída a possibilidade de não se dizer nada.

Sei que soará clichê este texto que você vai ler, porque sempre que se aproximam as eleições surgem comentários acerca de como será o futuro, qual o melhor candidato a ser eleito, enfim... o de sempre.

Tentarei fazê-lo de uma forma diferente, procurando ser imparcial no tocante aos candidatos à presidência.

Primeiramente gostaria de ressaltar a importância de um voto. Se você (E)leitor acha que seu voto (por ser apenas um) não fará tanta diferença assim, você está completamente enganado.
Ele faz SIM muita diferença. A sua escolha de hoje, influenciará no futuro de seus descendentes amanhã.

Incrível como em época de eleição o eleitor fica importante (isso soa óbvio eu sei).
De repente os candidatos aparecem com suas promessas, suas aspirações, seus discursos vanguardistas e transformadores dizendo exatamente tudo aquilo que o povo quer ouvir.
-Será mesmo candidato?!-
Não duvido que em alguns aspectos haja de fato uma boa intenção, mas na maioria dos casos sempre retornamos a assistir o mesmo espetáculo: Senhores cordialmente inteligentes fartando-se de pão e vinho, rindo dos palhaços que os colocaram naquele picadeiro.

Ao assistir uma palestra sobre economia que tratava do modelo de substituição de importações X abertura econômica, a palestrante deixou uma questão: O que requer desenvolvimento competitivo?
A resposta: Intervenção Governamental.

É, cabe ao governo escolher políticas adequadas que nos levem a caminhos menos inflacionados e flutuantes; cabe à ele optar por fechar-se em políticas protecionistas valorizando a indústria nacional, ou novamente abrir as pernas para o "estrangeiro" sem nem pensar nas possíveis ineficiências geradas.

Acredito que, pelo simples fato de o Brasil ainda possuir características de monocultura de exportação estamos na situação em que estamos. Atualmente lidamos com uma ilha global, em que políticas externas e atores sociais influenciam as economias de todos os países. Mas, porquê ainda tenho a sensação de que "o outro" é sempre melhor? (sendo que sei que somos plenamente capazes e competentes para nos desenvolvermos?) Por que vejo economias subdesenvolvidas(assim como a minha) estarem em melhor posição (desenvolvendo-se cada vez mais), competindo igualitariamente com as potências mundiais?
Não seria (agora) a hora de mudar?
Nem somente substituição de importações ou abertura econômica...Por que não as duas de forma coerente e gradual, visando o crescimento sustentável onde a população se beneficiaria em primeiro lugar, pois uma indústria que tem subsídios consegue se desenvolver, gerando empregos, o que gera renda, que gera consumo, que gera produção, que gera importação e exportação; que gera câmbio valorizado e ao mesmo tempo aumento de reservas, que gera investimentos sociais o que beneficia a todos nós, (E)leitores.
(É utópico, é. Mas era isso que eu gostaria de ouvir).

Agora deixo uma pergunta, o que os candidatos têm a nos oferecer?
Ao avaliar a agenda proposta pelos mesmos, nossas necessidades e expectativas são supridas?
E a do resto da sociedade?

Portanto,

Escolha...
Exclua... e
VOTE!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Desejo



Arrasto a bagagem preguiçosamente terminal a dentro, estou adiantado. Gostaria de ter algo para ler, a fim de aproveitar o tempo. Todos a minha volta parecem sonolentos. Suponho que a maioria das pessoas não se anime ao acordar cedo para viajar de ônibus. Eu não me animo, se houvesse outros horários certamente escolheria o mais tardio.
Sigo para a plataforma de embarque. Melhor esperar no local onde a condução irá parar. No caminho passo em frente à lanchonete da rodoviária. Olho de relance, entre o amontoado de pessoas que tentam ser atendidas há uma garota, a qual me parece muito bela, por sinal.
Continuo andando, me arrependo por não ter parado por um momento, não consegui olhar bem para o rosto da garota. Agora é tarde, paciência.
Sento-me em frente a plataforma de embarque ao lado de uma das pilastras da rodoviária, olho no relógio. Ainda restam quinze minutos para o horário do ônibus chegar.
Começo a acreditar que será uma viajem extremamente chata. Olho em direção ao saguão e para minha surpresa a garota da lanchonete reaparece portando um salgado e um refrigerante, agora vejo que é realmente bela. Se ela se sentar próxima de mim falarei algo, tentarei manter uma conversa... Mas, ela passa direto e vai se sentar um pouco mais adiante. Do outro lado da pilastra de concreto.
Unn... Eu poderia ir me sentar ao lado dela, mas considero que abordar uma pessoa para um diálogo enquanto a mesma está se alimentando é uma atitude deveras mal educada. Também não posso ficar me esticando para frente da pilastra. Seria uma atitude muito evidente, além do que, todos em volta perceberiam.
Enquanto decido o que fazer meu ônibus entra na plataforma e estaciona. Arrasto minhas malas para serem guardadas no bagageiro. Após este procedimento entro no ônibus. Olho o canhoto da passagem em minhas mãos, ”Nº 25” é a minha poltrona.
Enquanto busco meu lugar uma surpresa. A jovem está no ônibus, provavelmente entrou enquanto eu enfrentava a fila do bagageiro. Ela está na poltrona de número vinte e um. Precisamente em frente a minha. Enquanto coloco minha bagagem de mão no compartimento acima de minha cabeça consigo contemplá-la com certa calma. Ela olha pela janela, seu cabelo é castanho e liso, está cortado na altura dos ombros, o que dificulta minha visão de sua face. Mesmo assim posso perceber o contorno suave das maçãs de seu rosto, assim como o volume sutil de seus lábios.
Não há ninguém sentado ao lado dela ainda. Restam muitas pessoas para entrar. Posso me sentar ao lado dela e começar a conversar, quando o dono deste lugar chegar ofereço o meu. Não há problema algum nisso, imagino.
Mesmo assim, sento-me no lugar demarcado pela minha passagem. Também na janela, só que atrás dela. Outra pessoa ocupa o lugar ao lado da jovem.
A viagem começa, ela contempla a avenida através do vidro com um olhar triste. Melancólico.
Gostaria de falar com ela, mas não me agrada a idéia de ser uma “Voz do banco de trás”. Seria incômodo a ela ter de ficar retorcida no banco apenas para falar comigo.
Pelo reflexo do espelho consigo ver seus olhos. São castanhos. Fascinantes. Distantes.
Vai ser uma longa viagem... Se ao menos eu estivesse ao lado dela, e não atrás.
Durante todo o percurso presto atenção aos menores gestos, na esperança de que ela tenha percebido minha presença. Mas não consigo sequer um sorriso.
Desço no terminal de destino. Ela saiu na minha frente. Enquanto recolho minha bagagem penso que nunca mais a verei. Foi uma pena não ter falado com ela, agora preciso ir ao guichê comprar minha passagem de volta.
Surpreendentemente não há fila para a compra de passagens, há apenas a bela jovem que contemplei por toda a viagem comprando sua passagem de volta. Me aproximo, ela já com a passagem em mãos abre espaço para mim sorrindo educadamente e depois segue seu caminho.
Peço minha passagem. A atendente pede para que eu escolha a poltrona indicando uma tela de computador com a numeração das mesmas. A única que já está marcada é a poltrona de número vinte e um. A dela. Posso escolher qualquer outra.
Penso um pouco e não resisto:
- Poltrona número vinte e cinco, por favor.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Poeta em Mim Morreu


Escrever sobre problemas já me cansou
Dizer que tudo é ruim já enjoou
Não é tentador
Falar de amor é mais que um clichê
Quem canta já não mais encanta e vai
morrer de amor

O poeta em mim morreu
e nem se quer se despediu
Deixou apenas uma carta sincera
datada de amanhã
Escrita "eu não vou voltar"

Não vejo graça em rimas bem feitas
nem naquela simetria tão perfeita
Não tem mais valor
Alusões a histórias heróicas
De quem teve o que contar
e já contou

O poeta em mim morreu
e nem se quer se despediu
Deixou apenas uma carta vazia
datada de ontem
e com meu nome assinou

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Passageiro Sombrio


Para cada momento da minha vida
procurei uma poesia que o explicasse
confessando sem convencer, agora faço o meu
sem acreditar que o que aconteceu foi bom
bem-estar misturado com angústia e arrependimento
não entendo quando foi, talvez nem tenha sido eu


As vezes meu passageiro sombrio pede carona
e sem eu perceber começa a me guiar
por atalhos escondidos que desconheço
chegando cada vez mais perto de casa
mais perto de quem realmente sou.


Com os olhos fechados, escuto a canção certa
enquanto meu companheiro sussurra o que quero fazer
o tempo perde sua forma original
e quando firmo-me com segurança novamente
ele grita "agora"


Diria-te como ele é
mas quando olho no retrovisor só vejo eu mesmo
correndo de alguém que parece estar dentro de mim
e quando me alcança não faço um só movimento
por que o que ele diz para eu fazer
é exatamente o que sempre quis
e escondi do resto do mundo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Canções e Silêncio – Parte III – O Instrumento de Moros



Reza a lenda que as trevas nascem nas mais profundas cavernas do Hades.

Até agora não estou convencido do contrário.

Após deixar o barqueiro tenho caminhado nas trevas sem fim, o tempo se tornou algo no qual não tenho mais tanta certeza existir por aqui. Até o som dos meus passos se perderam nesse lugar sombrio.

Érebus está me seguindo em minha jornada.

O uivo que a momentos atrás me aterrorizou agora é o meu guia para o encontro com minha amada.

Seis orbes vermelhos flutuam nas trevas, dançando de forma frenética aos pares. Ao me aproximar mais vejo o que eles realmente são...

Cérberus...

O terrível cão tricéfalo, guardião da entrada do Hades, continua com sua missão. Ele se encontra sempre em posição de ataque, sobre uma pilha de ossos e carne em putrefação. Sua coleira é feita de serpentes e a corrente que segura sua fúria é feita de pobres condenados costurados em eterna agonia.

Seu papel aqui é impedir que os vivos entrem no mundo dos mortos e punir eventuais desavenças de Hades.

Argumentos de nada valeriam contra a besta, por isso começo a cantar e tocar com minha lira. No início os latidos e uivos ensurdecedores da criatura parecem abafar o som de minha música, mas devido a distancia que a corrente tem, posso tocar minha musica em segurança.

Com os acordes de minha canção o Hades fica ainda mais sombrio e frio, o terrível Guardião não é mais tão aterrorizante, agora não passa de uma criatura que não sabe o sentido de sua violência e teme o que pode fazer a si mesmo e aos outros.

O eco da canção chega rapidamente às profundezas do lugar onde estou, e tamanha agonia tocada de forma tão deliciosamente triste parece incomodar até os habitantes mais tenebrosos deste lugar.

Escuto o bater de asas se aproximando. Se bem conheço as histórias deste lugar, acho que outro dos psicopompos será meu anfitrião na Mansão dos Mortos.



“Pare poeta, antes que todos aqui sejam congelados com sua música.” Diz Thanatos, a personificação da morte. “Hades deseja vê-lo, e o Senhor do Além Vida não gosta de esperar”.

Thanatos se mostra como um homem jovem, com belas asas brancas, sua presença é reconfortante, ao contrário do que imaginava.

Mas um turbilhão de sentimento que atinge quando lembro que foi ele quem levou minha amada até este terrível lugar.

“Quero saber por que fez isto contra minha doce Eurídice, Mestre da Morte.”

“Não fiz mais que meu trabalho triste poeta”

“Você não sente nojo de si mesmo? Como pode ser o arauto da dor? Aquele que faz a palavra saudade ser dita de forma mais triste, seja em canções ou em sussurros! Minha amada estava na flor da idade quando suas garras sinistras a arrancaram do mundo superior! Odeio-te com toda a força que ainda existe dentro de mim!”

“Se cada vez que alguém praguejasse contra mim uma alma fosse salva do Hades, não existiram mais pessoas aqui.”

Disse com a voz tranqüila e continuou ainda no mesmo tom.

“Sou apenas um instrumento da vontade dos Deuses e dos homens, sou o mais humilde dos seres Imortais, pois atendo do mais rico e virtuoso Rei ao mais sujo e cruel ladrão da mesma forma.”

“Sou um instrumento de Moros, o Destino.” – Diz sem demonstrar orgulho.

“Seu ódio é inútil contra mim, pois me odiar seria como odiar o punhal que perfura o peito ao invés do assassino que tem a intenção.”

Por mais que odiasse a idéia, ele estava certo.

“Então vamos, me diga ó Senhor da Última Viagem, me diga quem levou a vida de minha amada e terá o meu perdão?”

“Pobre sofredor, se dissesse a cada um que me faz este tipo de questionamento a resposta verdadeira, o mundo cairia no mais profundo caos e a vida de todos os seres seria colocada em risco. Sinto muito poeta, mas prefiro que caia sobre mim o ódio de todos os homens”

Nem mais uma palavra foi trocada com meu guia.

Durante o caminho até a Mansão vejo que minha música fez mais estragos do que previa, Sísifo está chorando enquanto deixa sua pedra de lado, Prometeu não está mais sendo devorado, mas sua posição atual não pode ser classificada como confortável.

Muito mais coisas poderiam ter sido vistas, se minha ânsia por reencontrar Eurídice e o ódio por Thanatos não desviassem minha atenção.

Chego finalmente ao meu destino.

A Mansão dos Mortos é gigantesca, seus muros exteriores guarnecem um jardim de beleza horripilante, com fontes que jorram sangue e rosas negras por todos os lados.



Thanatos fica parado em frente ao portão exterior e aponta em direção a Mansão.

Entendo a mensagem e continuo.

Do portão exterior pensei que a casa fosse feita de uma madeira ou mármore vemelho escuro quase negro, mas de perto posso ver que a construção é revestida de pele pintada com sangue velho. O cheiro é peculiar. Não sinto aroma de podridão, mas o ar tem cheiro de sonhos inacabados e promessas não cumpridas.

Logo no saguão de entrada uma mulher vestida de preto me aguarda. Entendo agora porque Hades quis roubá-la, Perséfone é realmente linda, mas sua beleza não tem em mim o mesmo efeito que teve em Pírito, e espero não compartilhar do mesmo fim que aquele pobre infeliz.



“Não posso dizer que sua presença é bem-vinda no Hades, ó filho de Morpheu” – Diz a rainha do Hades

“Também não estou satisfeito de estar aqui, mas minha estadia será breve, se assim seu esposo permitir”

“Isso será discutido em breve”

E após dizer isso sobe as escadarias que levam até um enorme salão onde sentado em um trono de marfim está me esperando o soberano absoluto do Hades.

Fim da Parte III

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sentimento




O jovem caminhava apressado para sua casa. Não havia mais o que fazer. Mesmo assim ele se mantinha confuso, ecoavam em sua mente as palavras de ternura da mulher pela qual vinha gradualmente se apaixonando, misturadas ao som áspero do adeus.

Ele se sentia culpado, não por se ter findado o romance, com essa idéia ela já se acostumara. O que o atormentava era a indefinição do que sentia. Não sentia raiva, tudo ocorrera com total coerência, não havia porque se enraivecer. Não estava triste, por mais que previsse as torturas da saudade, aceitara essa condição. Tampouco estava satisfeito, lhe parecia que as estruturas simplesmente se encaixavam formando um novo padrão de forma que o tornava um mero espectador.

O jovem estremece ao girar a chave na porta. Ele ainda não havia entendido por completo tudo o que se passara, sequer se via capaz de sentir algo definível.


O jovem de olhos negros desiludido

caminhava levando ao muro sua mão

como se houvesse um coração empedernido

capaz de frios atos, sem nenhuma paixão.


E lembrou-se do toque suave

dos lábios dela nos dele a roçar.

E refletiu sobre o entrave

que os impedira de continuar.


Viu que racional era sua reposta

bem pensada, há de se convir.

Mas qualquer razão se prostra,

ao sentimento do agora e do porvir.


Sentimento que mescla a paixão nascente,

prematura ainda para domar dois corpos em furor,

com a ternura crescente,

impossível de sozinha se tornar amor...


É, ele não sabia o que fazer. Lembrou-se de uma passagem do Mito de Éros:


Psiquê, a mais bela entre as princesas acordou no que parecia ser o salão de um castelo. Nisso, ao lado dela uma voz suave disse: "- Me acompanhe bela Psiquê, é uma honra recebê-la em meu lar, como esposa".

Inicialmente ela não sabia como agir diante de seu marido invisível, mas gostava do modo como ele a tratava. Um dia saiu do castelo e foi visitar suas irmãs, ao narrar-lhes a história de seu marido que nunca permitia que ela se aproximasse para vê-lo. As irmãs então aconselharam Psiquê a se aproximar do marido a noite com uma vela para enxergar seu rosto, pois, afinal de contas, ele poderia ser um monstro horrendo!

Psiquê assim o fez, durante a noite acendeu sua vela e se aproximou de seu marido que ressonava. Ao Iluminar sua face Psiquê ficou extasiada, diante dela se encontrava Éros, o belo deus do amor. Entretanto ela se distraiu e uma gota de cera caiu sobre o peito da divindade, a qual levantou de sobressalto e sentindo-se traído abandonou Psiquê.


O jovem se sentiu um pouco como carregando uma vela da qual um simples respingo poderia alterar o rumo de sua vida. Mais ainda, sentiu que esse mísero respingo de vela não havia o atingido apenas, mas também aqueles que estavam próximos, mais precisamente ela.


O garoto senta a mesa e afunda em devaneios, em uma miscelânea de paixão, conformismo, afastamento e magnetismo. Respira fundo e olha pro nada, assim enxerga aquilo que precisa, tempo, para mostrar as feridas que ele precisa curar.




quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Por que?



Existe leite de soja, e leite de côco. Então por quê, se existe queijo de soja (tofú), não existe queijo de côco?

sábado, 25 de setembro de 2010

Réus confessos


Pelas ruas sinuosas o passado não mais se fazia presente.

Já não se perguntavam o porquê de tantas brigas e desentendimentos, apenas experimentavam aquele raro e novo momento de paz.

Não entendiam ainda como haviam chegado ali, eram apenas dois jovens enamorados em busca da realização de um sonho.

Engraçado os corações apaixonados, mesmo presentes em corpos já talhados pelo tempo, o que caracterizava a seriedade da maturidade, pulsavam com o mesmo ardor de outrora.

Fazia um pouco de frio lá fora, o vento gelado daquele início de outono levava embora todas as nódoas e mágoas fincadas naqueles âmagos inocentes. Nada tinha sido feito de maneira intencional, apenas inseguranças inerentes aos corpos inocentes.

A reconstrução daquele amor, agora mais sólido do que antes, tranqüilizava aquele jovem apaixonado. Era difícil controlar os impulsos perante àqueles que se atreviam em tocá-la.

Maldade não havia, mas julgamentos de uma sociedade vil e cruel não permitiam que seus integrantes se regozijassem ao raiar da liberdade.

Como água cristalina de nascente que brota da pedra mais bruta, seu íntimo se aquietava.

Ao ouvir as verdades ditas por bocas mudas, sentiu vergonha e quis morrer. Mas como deixar àquele que lhe era tão amado nessa terra de amarguras?

A melodia do céu triste que dava vigor não só àqueles que por ela sempre clamavam, assemelhava-se ao rosto umedecido fruto da vergonha alheia.

Tortuoso caminho adiante estava juntamente com toda a incerteza de um futuro desconhecido.

Apenas a liberdade os guiava por entre aquelas ruas testemunhas dos amantes incompreendidos, réus confessos do crime amor.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Só te amo



Eu poderia fazer uma canção desesperada
Dizendo que a minha vida sem você não é nada
nela eu diria que lembro de você ao ver a lua
que um dia sonhei com você toda nua


Eu diria mais que a verdade
fugiria da minha realidade
Pensaria em sentimentos divinos
quando o que dizer é
Só te amo


Ler o que se pensa e sente nos olhos é impossível
Meu bem, só não diga que sou insensível
O mundo não é meu para eu te presentear
e as estrelas estão tão altas que nunca iremos tocar


Eu diria mais que o necessário
E gritaria sem dar conta do horário
Repetiria mil vezes por dia
quando o que dizer é
Só te amo

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Porque eu não votaria na Marina Silva, mas agora votarei


A princípio fiquei amedrontado em votar na candidata Marina Silva. Ela de fato se esforçou em fazer um bom trabalho enquanto Ministra do Meio Ambiente, mas ela possui uma característica que me incomodava: é protestante. Veja bem, não tenho problema nenhum com religião, até porque eu não tenho religião e, sendo assim não há como eu ter problemas com isso. No entanto, a própria Marina se disse crente da linha de pensamento Criacionista, que diz que Deus criou todas as formas de vida na Terra, e que as mesmas não evoluíram desde sua criação. Isso me pareceu muito contraditório no discurso de uma pessoa que diz ter sua vida modificada pela educação. 
No entanto, no decorrer de sua campanha, fui acompanhando os debates e entrevistas dados por ela, e ao longo desse tempo ela conseguiu me convencer e principalmente, me provar que suas crenças não atrapalhariam um seu possível governo. Então Marina, meu voto é seu!
Obs: sem contar que não encontrei até agora nenhum folheto de candidatos do PV jogado pelas ruas da cidade.

Denúncia

O pneu da minha bicicleta furou hoje, e tive que ir e voltar de ônibus do cursinho. Na volta tive uma surpresa muitíssimo desagradável. Do ponto de ônibus até minha casa são apenas dois quarteirões, e apenas nesse pequeno trecho pude encontrar, jogados pelo chão, mais de 50 panfletos de propaganda política. Fotografei um de cada candidato/coligação dos que estavam jogados:








Não iria votar mesmo na maioria deles, mas agora fiquei sem saber para quem dar meu segundo voto para Senador. O Sr, Picciani, que aparece com toda a família na 6ª foto, acabou de perdê-lo esta tarde. Desculpem-me se sou muito radical, mas não vejo a menor condição em  votar em pessoas, que antes mesmo de serem eleitas, e com o objetivo de serem eleitas, chegam e FODEM com a limpeza da minha rua. Queria saber onde cada um desses malditos mal-educados mora, e jogar tudo de volta por lá.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Histórias de ninguém

A cidade é bela quando você olha de cima. Qualquer coisa pode ser bela se você olhar de longe.

É o ano de 2010, estamos no outono, um outono sem folhas caindo ao sabor do vento, um outono tropical.

A cidade? Bem, essa cidade é maravilhosa nos lábios de poetas desavisados, mas é tenebrosa aos olhos de crianças famintas nos sinais. Estou no Rio de Janeiro. E há muitos lugares bem feios olhando de perto.

Através da respiração sinto o dinamismo dos carros a minha volta no momento em que o sinal abre. A cidade pulsa, enquanto caminho por suas veias. Junto comigo outros seis milhões de habitantes a fazem pulsar. Paro, respiro e lembro. Lembro que a parcela da população que sustenta com seu suor o pulso é vista como um câncer, o qual deve ser expurgado, esterilizado,afastado, periferizado...

Entro em um Shopping, estaciono o carro e caminho um pouco pelos corredores. Olho para as lojas desiludido com o que buscam as centenas de individuos que vejo. Mulheres que buscam formas de acentuar a beleza de um corpo perfeito que esconde uma alma podre, homens que usam dinheiro para mostrar seu poder aos demais, e assim continuarem a acreditar que detém tal poder, crianças que choram enlouquecidas por coisas que não desejam, apenas pelo prazer de ganhar, mesmo que com expressões frias, um carinho dos pais.

Deixo este antro da modernidade caminhando, irei andar um pouco a pé, lentamente, para olhar melhor, mais de perto, a cidade. Hoje tenho um pouco de tempo.

Não foi preciso caminhar muito para ver situações diversas. Homens e mulheres desesperados vendem futilidades por migalhas da riqueza imperial da cidade. Pelas janelas dos carros são lançados os pedaços de pão deste grande circo. Em uma barraquinha modesta há um homem com apenas uma nota de baixo valor nas mãos, ele olha para uma pequena tiara infantil. Seu olhar denuncia insegurança, ele sabe que não tem dinheiro para a tiara e para a janta, sua filha irá entender... Ele vira as costas e sai cabisbaixo, na capital do Império a plebe não tem direito a beleza, se a pobreza se torna bela, ela se torna mais simpática, e mais perigosa, deixe-mo-la imunda e detestável.

Volto ao estacionamento, pego meu carro, hoje vou trabalhar em Niterói. Vou para a ponte, pego um congestionamento no Vão Central, sorrio e olho a cidade, para vê-la de longe, novamente bela.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Porque eu não votaria no Serra.


Da mesma forma como discorri sobre um único motivo para não votar no candidato anterior, assim farei com o Serra. De fato existem muitas coisas que me levariam a não votar neste candidato, mas no caso dele, há um motivo especial, e que não costuma ser levado em conta pelos eleitores em geral: José Serra, por duas vezes seguidas, jogou os votos dados a ele fora.
Serra foi eleito em 2004 para o cargo de prefeito da cidade de São Paulo, tomando posse em 1º de Janeiro de 2005. Pouco mais de um ano após a posse, a 31 de Março de 2006, Serra abdicou(!) de seu cargo para concorrer às eleições governamentais daquele ano, deixando Gilberto Kassab em seu lugar. Ora, eu votei no Serra para ser prefeito! Imaginei que ele faria valer meu voto, e que faria tudo o que prometeu em campanha. O voto que confiei ao Kassab foi pensando que ele poderia vir a ser prefeito no caso de uma ausência inesperada do detentor do cargo, e não que o Serra fosse assim, se desfazer do cargo. Ele simplesmente jogou seus votos no lixo ao deixar de ser prefeito por livre e espontânea vontade.
No entanto, mesmo após menosprezar milhares de eleitores da cidade de São Paulo, Serra se elegeu governador do estado naquele ano, cargo que vinha ocupando desde 1º de Janeiro de 2007 até 2 de Abril de 2010. Serra então novamente abriu mão de ser governador, abandonou novamente suas responsabilidades, deixou outra pessoa cuidando do cargo para o qual ele fora eleito, a fim de se lançar candidato a presidente da República. Dessa vez ele simplesmente descartou votos de eleitores de todo o Estado, que por acaso é o Estado mais povoado da nação.
Na boa, quando eu voto num candidato, quero que ele cumpra suas promessas, quero que faça valer meu voto, quero que ele se empenhe em realizar suas funções como eleito da melhor forma possível. Não consigo admitir um candidato que usa da sua posição em cargo de destaque somente para se lançar a um mais alto, buscando mais poder. E não consigo admitir que ele se desfaça sem ter um bom motivo, no meio do mandato, do voto que eu dei a ele. Me sinto traído.
Não quero dizer que o Serra irá assim, se desfazer do cargo de presidente para se candidatar a dono do mundo. Não existe tal eleição. Mas essas atitudes deixam bem claro para mim que o objetivo do Sr. José Serra não é ser um bom governante, mas sim, ser bom para si e para os seus, desejando somente aumentar seu poderio político, social e econômico sobre os outros.

sábado, 4 de setembro de 2010

Porque eu não votaria na Dilma.



Essa é bem simples: Independente dos escândalos que aconteceram no governo Lula, independente do fato de ter sido um militante do PT o principal envolvido na fraude contra a filha do José Serra, e de quaisquer outras coisas ruins que se possa dizer da Dilma ou do atual governo, eu tenho um e apenas um motivo que me impede de votar na Dilma. E esse motivo é tão mais importante, que eu acredito que os demais poderiam vir a ser até mesmo ignorados.
"É o Lula apoiando Dilma, é a Dilma apoiando Collor."

Não posso de forma alguma aceitar, de qualquer pessoa que seja, uma única mensão positiva relacionada ao nome Fernando Afonso Collor de Melo. E dessa forma, não posso votar numa pessoa que dê créditos ao Collor como Governador de algo mais que o próprio nariz.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

o verso que ninguém lê...


“Curioso isso. Na verdade sempre me perguntei o contrário: porque vocês, homens sem maldições, se interessam tanto por poesia? Talvez eu chamaria de outra coisa isso que você nomeia de “inspiração” e “sensibilidade”. Muitas vezes vocês seguem o que dizemos como a uma escritura sagrada, se identificam com o que escrevemos, enquanto o fazemos esperando que faça sentido para alguém. Há vezes que nos vemos como deuses por isso, mas quando nosso “dom” nos põe para pensar, percebemos que somos tão mais fracos que os humanos normais que, até sentimos o que dizemos, mas nos reprimimos em nossas estrofes.

Sabe... quando gostamos de alguém criamos personagens e histórias que gostaríamos de ser e de vivenciar com elas, nossos sonhos talvez, e assim com o que deveríamos dizer, palavras que nunca saem naqueles momentos em que deveríamos aprender algo com nossos próprios sentimentos, e transformamos aquela seriedade em inexpressividade no momento em que poderíamos chorar, sorrir, assustar, sermos surpreendidos, menos nos abstermos da verdade.


Invejamos os motivos que vocês tem para dizer “eu te amo”, para abraçar uma pessoa e dizê-la o quanto a gostam, para simplesmente sorrirem e pensar que tudo vai melhorar, que para mostrarmos tudo isso ainda escrevemos em versos, e sempre com a dúvida se o leitor vai saber se quem escreveu foi uma pessoa ou um poeta, pois tememos tanto os olhos dessas pessoas que preferimos usar palavras que toquem seus corações, porém sempre são tão fracas, que não passam dos olhos que nos amedrontam.


Enfim, não tente compreender uma poesia, ela não é escrita para ninguém, mas se faz sentido para você, apenas a sinta, que ficaremos felizes, mas sobre isso nunca escreveremos.”


Uma vez perguntaram a um poeta de onde vinha sua inspiração e sensibilidade... um vez...




domingo, 22 de agosto de 2010

Eis a questão...




ser ou não ser?
ter ou não ter?
ir ou não ir?
ganhar ou participar?
com ou sem?
agora ou depois?
um ou outro?
eu ou você?
eu ou o mundo?
sozinho ou equipe?
verdade ou mentira?
luta ou corrida?
rolling stones ou beatles?
John ou Paul?
vivo ou morto?
doce ou salgado?
homem ou mulher?
ovo ou galinha?
escolha ou genético?
praia ou montanha?
mandioca ou aipim?
costume ou inovação?
pai ou mãe?
banco ou colchão?
judeu ou mulçumano?
Papa ou Galileu?
bater ou correr?
nacional ou importado?
capitalista ou comunista?
Grécia ou Roma?
Siegfried ou Sigurd?
mago ou guerreiro?
arroz ou feijão?
física ou química?
windows ou linux?
Vadinho ou Teodoro?
norte ou sul?
leste ou oeste?
bolo ou torta?
chuva ou sol?
frio ou calor?
água ou fogo?
preto ou branco?
stricto ou lato?
continuar ou parar?
vale a pena pensar?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Luto indizível



O indizível é aquilo
que dói além da dor,
que torna cabisbaixo
até mesmo o sonhador.

Olho em volta e percebo
vidas cinzas e a morte latente,
olho em volta e me impressiono,
com o devaneador, descontente.

Hoje falarei do inefável,
num ímpeto de ousadia direi o inexprimivel.
Mas sou incapaz de em uma frase abarcar,
tristeza, dor, luto e pesar.

Deveras é digno de se duvidar,
que este pobre homem o faça com facilidade ou maestria.
É possível mesmo questionar:
"Qual o intuito de escrever nessa noite fria?"

Bem, cá deixo minha humilde explicação,
quando se ama também se sofre,
e os amantes, em seu rito de expiação,
vertem lágrimas como moedas de um cofre.

Quando se luta o sentimento é também forte
por isso é necessário alto bradar,
no calor das batalhas de grande porte,
onde verte sangue o guerreiro que este brado honrar!

Ao poeta, só lhe resta verter rimas.
Por isso cá estou, a verter melodioso pranto avermelhado.
Verdade voraz das vidas virtuosas,
esse vórtice vertical veladamente pranteado.

Pranteio por aquela que amei,
e ao lado da qual lutei,
e que neste momento me faz
perceber o significado de paz.

Neste momento que a olho,
cercada dos velhos amigos,
que desorientados formam um molho
de almas perdidas em momentos antigos.

É... hoje é um dia de luto
no qual o sorriso se esvai em pranto
e a garganta sufoca tanto
que em minaha alma sinto um clamor bruto.

Me vem a mente uma criança deitada
pendendo os olhos mas dizendo-se sem sono
pedindo que outra história fosse narrada
e ela sorria e contava mais uma, como se o infante fosse seu dono.

Lembro-me de todas as onças, corças,
bruxas, aberrações, fadas, Joões e Marias
diferente de muitas das crianças
ainda sei de cor cada uma dessas narrativas

Prova disso é que há um mês,
em pé diante de sua cama,
era eu quem com certa altivez
contava histórias como quem ama.

Tive tempo de mostra-la que a lição aprendi,
no entanto numa noite que vai entrar pra memória
o sol há de se pôr mais triste,
partiu desse mundo a mestra do contador de histórias.


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Lágrima


E a lágrima esquivou-se sobre as marcas
que o choro contido deixava em seu rosto,
em um soluço escapa-lhe da face e cai
em direção aquele solo roto.

Ação por onde seu orgulho esvai,
essa ação de por amor chorar.
Aprendera que homens aguentam desgraças,
sem deixar lágrima alguma rolar.

Pro inferno com o que aprendera!
Como era possível de outra forma reagir
ao ouvir da boca que antes beijara,
"Vá embora, não te quero mais aqui!"?

Incrédulo o jovem se exaspera,
"Não podes finjir que tudo acabou!"
Impassível a mulher impera,
"Desapegue daquilo que passou."

Enquanto observado pelos olhos escuros,
o garoto sentia em sua garganta um nó.
Não compreendia como seu relacionamento
sucumbira assim do ouro ao pó.

"Não podes renegar ao esquecimento",
num ímpeto de ousadia ele bradou,
"aquilo que guiou nossos futuros!"
Mas ela com um olhar o censurou.

E depois ternamente lhe disse,
"Por que me acusas, como vilã impiedosa?
Acreditas mesmo que não ficarei mal?
Pensa então que nessa dor sou eu quem goza?

Para mim isso não é algo banal!
Me dói no peito igualmente esse fim,
mas ignoras, como se agora não me visse
não faça isso, não piore mais pra mim!"

A brisa fresca do entardecer de inverno
cortava as almas como a mais fina navalha,
enquanto a jovem de olhar piedoso e terno,
sentia ganha essa épica batalha.

Vencido, o jovem desabafa seu triste pezar,
"Qual o intuito de se sentir saudade,
do que nos é impossível conquistar?
Por que nos é proíbido a eternidade alcançar?"

Com um sorriso ela se aproximou
e lhe perguntou segurando sua mão,
"Se todas as coisas durassem para sempre,
você saberia o quão importantes são?"

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Tudo numa coisa só



Ele estava ferrado.

Havia se apaixonado por um punhado de garotas e não tinha certeza qual escolher para viver para sempre ao seu lado.

Havia a garota dos brownies que conseguiu conquistar o seu sentimento pela barriga, que alem desses bolinhos em sua casa quase sempre havia pizza! Como não se apaixonar por essa garota?

Então quase em seguida ele se lembrava da garota da dança de salão... Por Deus! Como algum ser poderia ser tão belo movimentando seu corpo com a leveza e a sensualidade de quem tem certeza de que está executando algo divino, sem se importar se está fazendo exatamente o passo que o professor havia ensinado. É, com certeza ela é a melhor escolha! Se não fosse pela menina de olhos brilhantes...

Essa menina fazia as coisas de forma única, seja ver televisão, rir de uma piada, ou simplesmente recostar sua cabeça em seus braços e fechar os olhos, essa mesma menina é a que gosta de dias de sol e parques, ouve musicas “fofinhas” e gosta de animais. Claro que é a garota mais doce que ele já viu, seria ela a melhor opção?

Tem também aquela com ar de mais velha, que tenta derramar sua sabedoria e sempre tomar decisões corretas e lógicas, é quase o oposto da menina de olhos brilhantes, mas ela não é fria, suas atitudes, mesmo que muito sérias, são repletas de carinho e do sonho de fazer sempre o melhor.

Ele estava realmente ferrado.

Pensou que ia enlouquecer, pois tinha certeza que havia convidado uma para sair, mas na hora outra aparecia. Ficava perplexo quando estava em um parque com a garota de olhos brilhantes e de repente ela desaparecia e a garota dos brownies aparecia com alguma delicia para ele provar!

Ele começou a pensar que era um azarado maluco, até que um certo dia teve um epifania brilhante, iria convidar as quatro para sair e decidir com qual ficaria! Simples e prático, o plano era perfeito!

Então para sua surpresa, percebeu que na verdade não era tão azarado assim, na verdade era o homem mais sortudo do mundo, pois as quatro garotas, na verdade era uma só!

A.A.A.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ah quando eu morrer...



Quando eu morrer quero entrar para a história. Colocarão uma frase dita por mim no epitáfio e me imortalizarão. Todos estudarão sobre minha vida e serei citado por décadas, quiçá séculos... Meu velório durará três dias. Terão passeatas da igreja até o cemitério. Pessoas que nunca vi na vida se perguntarão o que será de suas vidas agora.

Ah não, melhor: quando eu morrer quero que seja igual novela. As pessoas que me conhecem e seus conhecidos se lembrarão de mim até o fim de suas histórias. Terei um significado ainda na cabeça de cada um que esteve comigo ou me viu passar... No meu velório vai chover. Todos usarão preto. Haverá pessoas ali contra a vontade, tudo bem. Haverá também pessoas querendo pular na cova junto comigo, tudo bem também.

Ou seria mais legal: quando eu morrer quero que seja como num filme. A solução de uma história ou o início de vidas que nunca saberemos como serão. Em meu enterro, numa manhã ensolarada, num cemitério que mais parece um jardim, haverá poucas pessoas, somente as que realmente me amaram ou que tenham algum interesse na minha morte. Meu filho mais velho tentará explicar ao mais novo o que aconteceu enquanto consola minha viúva e disfarça suas lágrimas.

Sem dúvidas essa: quando eu morrer quero que seja como todos que já vi na vida real. Ninguém ficará de luto depois, ninguém se vestirá de preto. No meu túmulo apenas “um filho amado” e datas de nascimento e morte. No velório piadas serão permitidas pelos mais jovens, desde que somente eles ouçam, pessoas que não víamos há meses dando condolências, sem nem saberem ao menos o significado da palavra, algumas flores perto do meu corpo, despedidas emocionantes antes de fecharem o caixão. No cemitério os mais devotos de alguma religião cantarão canções adequadas, não espero que chova, nem muito sol, não quero causar esforço a quem está se dedicando ao último favor prestado a mim, e, realmente, espero uma salva de palmas no final de tudo, espero ter feito diferença na vida de alguém de forma positiva.


sábado, 17 de julho de 2010

Guia do Vestibulando - parte 03 (Final)




O que você deve fazer nas primeiras semanas na Universidade

1)EXPLORE SUA UNIVERSIDADE. Pegue um ou dois amigos e dê voltas e mais voltas pela Universidade. Certamente você irá se surpreender com a quantidade de coisas interessantes que irá encontrar nesses passeios. Primeiro, procure por secretarias, bibliotecas, institutos que te interessem, e demais divisões administrativas da faculdade. Em certos momentos, saber onde ficam estes lugares e chegar lá com rapidez pode salvar o seu semestre. Depois passeie, procure por pequenos bosques e banquinhos escondidos, ótimos para dar “amassos”. Muitas universidades têm árvores frutíferas, fontes d’água, zoológicos, hortos, que não farão falta na sua vida acadêmica, mas que podem vir ser locais de lazer interessantes.

2)CONSIGA UMA LISTA TELEFÔNICA. Não quero discutir aqui os meios pelos quais você irá conseguir fazer isso. Apenas dê um jeito qualquer de conseguir uma lista telefônica pra você. Lembre-se, é uma cidade nova, você nunca trocou nem mesmo a resistência do seu chuveiro, e não faz a mais puta ideia de como funciona uma fechadura. A lista telefônica é a sua amiga de todas as horas! Quebrou um cano? Pergunte à lista. Queimou o chuveiro? O carro pifou? O rodízio de churrasco da noite anterior não quis descer pelo cano da privada e já se misturou com o café da manhã por todo o chão do seu banheiro? Sua mãe vem te visitar com seus padrinhos e o namorado da sua irmã, e você não conhece nenhum lugar pra comer além do seu vizinho que vende marmitas? Pergunte à lista. É claro que o “Oráculo” também conhecido como Google pode te ajudar bastante, mas no geral, as listas telefônicas têm distribuição regional, ou por bairros, o que vai facilitar muito a sua busca. Repare também que nas primeiras páginas da lista telefônica há uma série de telefones úteis. Ali você encontrará de tudo: informações sobre linhas de ônibus, telefones de emergência, prefeitura, rodoviária, polícia, etc etc etc. Uma boa ideia é colocar alguns deles na agenda do seu celular.

3)COMPRE UM MAPA DA CIDADE. Não sou burro! Eu sei que na lista telefônica de toda cidade tem um mapa detalhado. Mas vá em frente e saia por aí caçando o lugar onde você quer chegar com aquela “listinha” em baixo do braço. Um mapa da sua cidade, que cabe no seu bolso (pelo tamanho e pelo dinheiro), não vai te custar mais do que R$15,00. Se você é o feliz proprietário de um veículo automotor por combustão interna também pode comprar os mapas que têm as mãos de cada rua da cidade, mas ele são ligeiramente mais caros. Qualquer banca de jornal feita de lata e cuspe tem um desses mais simples à venda. Outra opção interessante, também fornecida pelo nosso querido Oráculo, é o Google Maps. A única dificuldade é que você vai precisar de uma impressora toda vez que for querer imprimir o mapa do motel mais próximo.

4)DESCUBRA ONDE FICAM OS HOSPITAIS E POSTOS DE SAÚDE MAIS PRÓXIMOS. Não estou falando que é pra você somente descobrir onde fica porque um amigo seu falou que uma vez a vizinha dele falou que foi num posto de saúde que não fica muito longe de onde você está. Descubra onde é, verifique as linhas de ônibus disponíveis, e efetivamente vá até lá. Se acontecer alguma coisa com você ou a um amigo, neste momento de stress você já saberá exatamente o que fazer, e acredite, esses momentos irão acontecer, e de madrugada, na véspera de uma prova de terceira chamada. Além disso, indo ao hospital/posto de saúde, você pode se atualizar sobre as especialidades médicas oferecidas no local e, no caso de você ter de repente um ataque de unhas inflamadas, não irá precisar ficar andando à procura de um dermatologista. Caso você tenha plano de saúde, procure também a sede do seu plano na cidade onde está morando. Eles geralmente têm um livrinho com todos os médicos que aceitam o seu plano, seus telefones e locais de atendimento.

5)VÁ ATÉ A RODOVIÁRIA ANTES DE VIAJAR PELA PRIMEIRA VEZ. Seus pais vieram, te deixaram no lugar onde você está morando, com todas as tranqueiras às quais você tem direito, todos choraram muito e você, extasiado de alegria, se despediu deles e foi curtir a vida de universitário, certo? Bem, agora é a sua vez de ir visitar sua família no primeiro feriadão do ano. Acontece que você não sabe onde é a rodoviária, nunca pegou ônibus pra ir até lá, não sabe nem mesmo qual é a empresa que faz a linha até a sua cidade e muito menos o preço da passagem. Primeiro, pegue a lista telefônica, ligue pra rodoviária e descubra as coisas que você ainda não sabe. Mas antes do dia da sua viagem, vá até a rodoviária. Perda de tempo? Não meu amigo. Indo até a rodoviária num dia qualquer te dará uma bela perspectiva do tempo gasto no trajeto da sua casa até o terminal, uma informação que você só consegue indo até lá e voltando. Dessa forma você poderá se programar muito melhor para suas viagens. Aproveitando esta ida na rodoviária, verifique junto à empresa que faz a linha até a sua cidade sobre passagens para estudantes. A maioria das empresas oferece descontos de até 50% para estudantes em viagens dentro do estado, desde que você comprove sua residência e a de sua família em cidades diferentes. Além disso, em alguns lugares há o serviço de “Disk Passagens”. Você liga e os caras ou reservam a passagem pra você, ou a entregam na sua casa. Gostou né folgado(a)?

6)PROCURE A SECRETARIA ACADÊMICA DE SEU CURSO. E faça amizade com as pessoas que ali trabalham. É na secretaria acadêmica que você irá resolver a maior parte de seus problemas na faculdade, e ser amigo/conhecido/simpático ou não com as pessoas que trabalham na secretaria fazem uma Senhora diferença. De quebra, procure também o Diretório, ou Centro Acadêmico, e a Atlética. Esses dois órgãos cuidam dos eventos culturais e esportivos da sua faculdade. Muitas vezes os DAs e CAs possuem TV por assinatura, assinatura de revistas e jornais especializados na sua área, livros usados para que você pegue emprestado, dentre outras coisas úteis. Mas principalmente, é nos DAs, CAs e Atléticas que as pessoas costumam se encontrar, para jogar, estudar, trocar ideias ou fazer qualquer tipo de bobagem. São também bons lugares para se conseguir informações sobre a universidade e a nova cidade onde você reside.

7)NÃO FUJA DO TROTE. Este é o dia mais importante para criação de novas relações interpessoais em sua jornada universitária. Você está na merda, junto com várias outras pessoas na merda, pintados e pedindo dinheiro para desconhecidos, e fazendo as coisas mais ridículas que você poderia imaginar. Olhe que coisa boa, vocês já têm algo em comum! Que belo dia para fazer amigos, não?
Tenha sempre em mente que a função do trote, em qualquer lugar, é criar esse ambiente engraçado e unir pessoas que nunca se viram em atividades de grupo para quebrar o gelo, facilitar os relacionamentos e claro, para recolher dinheiro pra chopada. Ninguém é obrigado a fazer nada que não queira. Caso ocorra algum abuso, por parte de quem quer que seja, denuncie.
Mas também não seja um chato! Prepare-se para curtir um dos dias mais importantes da sua vida sem preocupações extras. Vá com uma roupa velha, que não tenha perigo de manchar ou rasgar, pegue o seu tênis mais velho também, um que do qual você não sentirá falta. Guache mancha a roupa, mas não vai te dar alergias mortais. Água de peixe e ovos... são só água de peixe e ovos, ora! Andar de elefantinho não vai deixar você descadeirado o resto do mês, você não tem nem 20 anos! Comer um dia com as mãos não vai transformar você num animal selvagem e certamente não vai te matar também. Brinque! Curta! Dê risadas e faça amigos!

8)SEJA AUTODIDATA. Não é bem uma sugestão que eu te dou, é uma obrigatoriedade sua. A forma como você irá estudar na faculdade é muito diferente da que você está acostumado, se é que você alguma vez estudou na vida. No primeiro dia de aula os professores costumam disponibilizar os livros e demais obras que eles usarão no decorrer do curso naquele semestre. Eles não vão ficar te dando tarefas de casa ou trabalhinhos em grupo. A parada agora é séria. Anote tudo e procure um veterano. Ele já passou pelas mesmas matérias que você, e saberá indicar, dentre as obras que o professor passou em sala, as que são mais importantes. Feito isso vá à biblioteca e depois estude muito em casa, pois só o conteúdo das aulas não é suficiente para compreender tudo.

9)SUGUE SEUS PROFESSORES. Não é pra ficar puxando o saco do cara, mas aproveite que ele está por ali e faça perguntas. Ele não vai ficar chateado em te ensinar, o que afinal de contas é a função dele. Se a matéria te interessou, é um assunto que você gosta, ou é a área em que pretende trabalhar, descubra onde é a sala desse professor e vá atrás dele. Nas universidades públicas a maioria dos professores tem salas onde passam o restante do dia, enquanto não estão dando aulas. Bata na sala dele, demonstre seu interesse, tire suas dúvidas. Além de entender melhor da matéria, ao mostrar interesse pela área dele, você mexe com o ego do professor, que em resposta pode vir a ser gentil e até mesmo te descolar facilidades como estágios e bolsas de pesquisa.

10)PESQUISE SOBRE BOLSAS. Existem muitos tipos de bolsas que podem vir a te ajudar em sua jornada acadêmica. Algumas dependem de suas particularidades sócio-econômicas, como bolsa alimentação, bolsa transporte e bolsa auxílio emprego. Você apresenta uma tonelada de papéis na Secretaria Acadêmica, prova que tem dificuldades em se sustentar em uma cidade diferente e eles te ajudam de alguma forma.
Outros tipos de bolsa dependem do seu interesse e de seu desempenho na faculdade. São as bolsas de pesquisa, também conhecidas como iniciação científica. Nesse caso você tem que correr atrás de algum professor que trabalhe com pesquisa na sua área, e ver se ele está precisando de alunos para orientar. Na verdade, o que você irá efetivamente fazer, é ajudar o professor num mestrado ou doutorado que ele está fazendo. Ele irá te orientar, e ao final do período estipulado pela bolsa você deverá apresentar os resultados da sua parte da pesquisa, com dados, texto e tudo mais, como se você fosse mesmo um cientista de verdade. Além de te dar uma força na grana, esse tipo de atividade entra também para o seu currículo.
Você também pode procurar por estágios. Em geral os estágios não têm o cunho científico das bolsas pesquisa, sendo focados em atividades voltadas para o mercado. Tudo depende do seu interesse. Os estágios também podem te dar uma forcinha no bolso.

Acho que é isso crianças!! Espero que as dicas sejam úteis a todos. Ainda tem muito sobre o que eu não falei aqui, mas vai ser mais engraçado (acreditem!) se vocês descobrirem sozinhos. Um grande abraço e boa sorte!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Invejando anjos


Ao olhar pela janela de seu quarto Agnes divisava o horizonte coberto pela neve.
Já fazia mais de um mês que estava naquele quarto de hospital recuperando-se de uma lesão no tendão de sua perna direita.

Os dias se passavam de maneira lenta e sutil, o que atormentava ainda mais o espírito audaz da jovem. Tantos sonhos e desejos, tantas conquistas já possuía mesmo sendo tão nova! Mas a idade não era empecilho para aquela que deslizava por entre os olhos de espectadores atentos aos seus movimentos mais singelos.

Desde a infância fora privilegiada pelo som das notas musicais que saíam do piano onde sua mãe tocava com maestria.
Ah! Quanta felicidade rodeava aquela pequena criatura que ensejava os primeiros passos de bailarina. Cada nota ecoada era recebida por um gracejo ou um pequeno passo realizado de maneira quase perfeita pela pequena.

Agnes era dotada de uma notável beleza desde tenra idade; sua pele branca praticamente reluzia aos raios do sol primaveril juntamente com seus longos cabelos loiros encaracolados. Seus olhos azuis tinham um brilho indescritível, semelhante ao de safiras.

Lágrimas corriam pela face meiga e doce da sonhadora bailarina que sentia uma ponta de inveja ao poder ver as outras meninas patinando no lado congelado da cidade.
Já fizera isso tantas vezes, mas só agora dava a devida importância, já que sentia o peso de nunca mais poder dançar em sua vida.

Fechou os olhos e lembrou-se dos aplausos da última apresentação. Quantas rosas brancas e vermelhas foram arremessadas ao palco; luzes ofuscantes mal permitiam que ela divisasse a platéia que estava de pé a lhe homenagear.

Ao som de Clair de Lune de Debussy, a bela moça/mulher parecia que flutuava pelo palco. Ali fora seu grande momento; música e dançarina se completavam como chuva em solo árido e infértil.
Cada rodopio, cada salto, cada gracejo no ar eram realizados na mais perfeita sintonia; seu corpo era tão belo que todos os anjos naquele momento pecaram ao sentir inveja daquela abençoada que podia ser tocada por qualquer outro humano.

O fim da música ainda ecoava em sua mente; sabia que poderia voltar a andar, mas agora as alegrias vividas seriam apenas recordações, enquanto que a dor se faria presente pelo resto de sua vida.