quinta-feira, 23 de julho de 2020

Mudanças

Ouvia dizer que rir da própria desgraça demonstrava força mental. O fazia então, pois ainda procurava meu lugar no mundo. Adolescente, 18, 19 anos, mal sabia o que me esperava pela frente.
Ouvia dizer que política e religião não se discute. Mal sabia aquele menino que hoje política tá se discutindo até demais, e Deus tá sendo um constante processo de desconstrução e reconstrução.
Ouvia dizer que só vivemos um grande amor na vida. Descobri então, nos lugares menos esperados, que o amor é oceano, e emana de dentro pra fora.
Ouvia dizer que vegetarianismo era negação da espécie. Hoje, um ato político.
Ouvia dizer, ouvia dizer...

Ainda bem que as coisas mudam. Não mudassem, não seriam coisas, seria outra palavra.
O que antes era só música eletrônica, hoje virou disco, house, lo-fi, deep, prog e etc.
O que antes era "só piada", hoje virou cultura do estupro.
Ainda bem que as coisas mudam.
E o que é hoje, mudará também. Os ciclos se renovam, e praticamente nada na vida remanesce o mesmo.

Ainda bem que as coisas mudam...
Até quando se repetem, elas mudam.

domingo, 19 de julho de 2020

Baile da imoralidade



Amo-te em vestes intocadas
Idolatro-te ao desnudo imaculada
Ondula-se em sinais e frequências
Gês incendeiam meu atento espírito
Rogando ar em tuas palavras doces
Misticismo inafiançável do imaginário lúdico

São,
Reveste-se pois da indomada narcísica
Sorri à relenta ternura
Suspiros aguçados, compassados: um baile!
Um brinde à conversa afrodisíaca
Que emana, encanta e fortifica
Pressurização venosa que se expõe em polvorosa
Na ejaculação da alegria maliciosa

Pureza. Antítese pois se não as ondas existentes apenas por terem base e crina
Há frente, e há por trás
Onde guarda os segredos
Que nem a ferina língua lhe salvará
Terra explorada por bandeirantes
Desbravadores imbuídos de coragem, ternura e paixão
Atormentando superfícies nervosas,
Eclodindo, pulsando, sentindo, emanando, emaranhando, buscando o único e resoluto dueto que todo homem sonha ouvir:
Que. Tesão.

Embeba-se pois de minha virilidade
Através dela que sacio sua umidade
De teu seio a lateral
Com a boca lhe deito todo véu da moral
Conecta-te aos olhos pois os dois sentidos possíveis já lhe fazem ser o que pleiteias ao acordar
Imoral.