sábado, 20 de fevereiro de 2010

Crônicas de Arximo - 1

- Sim senhor, a bebida hoje é por conta da casa. - o barbudo diz ao homem.
- Está ok, só espero que não hajam futuras compensações por isso. - replica o homem.

E saindo do estreito bar, o homem encontra a paz exterior, o aroma de eucaliptos molhados ao som de pássaros entoando agudos sem pudor. Encontrou. Pena que a paz interior, ele deixou em algum lugar ao sul, em rumo ao oceano. Necessitava do sal, não do açúcar.
E com o ar de quem não tem nada na carteira, exceto fotos perdidas em recordações nostálgicas, mas não arrependidas, dirige-se ao nada, com passos silenciosos por entre os maratonistas e ciclistas daquele lugar. Era uma ciclovia afinal.

- Onde isto me levará? - pergunta a si mesmo, o homem.
- Onde você se levou e onde vem se levando há 2 meses. - responde sua consciência, a plenos pulmões e acrescentando: - Ainda acredito em você, não é tarde para voltar atrás...
- Não acredito que queira voltar à monotonia, não quero olhar para trás... apenas desejo um copo de vodka e uma pitada de adrenalina - retruca o homem para si, enérgico.

E sai, correndo, em direção ao horizonte. Uma montanha o espera ao fundo. Ele almeja o seu topo e, após isso, voltar a ouvir sua consciência sobre o próximo passo.

Fazem dois meses que saiu de casa. Cansou de sua mãe lhe dizendo o que fazer. Tinha seus 20 e tantos anos de idade. Largou a faculdade. Largou o carro. Largou o que chamava de "sociedade contemporanista". Só queria chegar ao próximo marco e, de lá, marcar o próximo.

Continua.
Hint: É divertido brincar com a fonética da letra "x" nas palavras.

2 comentários:

Ludmilla disse...

Como é teatral o nosso protagonista!

André M. Oliveira disse...

Caraca ein Mr. Mestiço. Um ótimo texto!