Era o fim da madrugada. O calor do farol flamejante o fazia suar. O que seria aquilo? Seu marco haveria de falhar como nunca antes o tinha? Seria bom ou mau presságio? Tantas perguntas invadiram sua cabeça que não percebeu a estrutura desabando a poucos metros de si.
- Por quê?! – gritou o homem
Não houve resposta.
Afastou-se dos destroços. Já era manhã. 3 meses de sua saída se completavam naquele dia. O dia, nublado, mostrava-lhe sua cabeça ao céu... Embaralhada, obscura e mesclada de dúvidas. Esperou que o fogo se dissipasse. Os animais domésticos que ontem lhe incomodavam pareciam estar quietos hoje. Sentou, meditou... o fogo se dissipara.
Ereto, o homem de nariz arrebitado, pôs-se a vasculhar as ruínas do que outrora foi um farol. Um farol sem utilidade, marcado como uma espécie de obelisco, destruído no chão. Foi uma busca árdua. Até o fim do dia, apenas conseguiu averiguar que a estrutura do farol era de pedra o quê, torna o alastramento do incêndio muito estranho. Movera uma boa parte de entulho mas, sentia que ainda não era o suficiente. Aquele tinha que ser o seu marco.
No fim do dia, saiu em busca de comida e bebida. Encontrou, em um bar abandonado, um engradado de rum. Era mais do que podia desejar. Descobriu que dentre os animais domésticos haviam coelhos e porcos. Resolveu assar uns coelhos para saciar a fome.
1, 2 dias de escavações e buscas nos destroços. Seus suprimentos já eram escassos. Resolveu dormir e, no dia seguinte, faria o que jamais havia feito nos últimos 3 meses. Voltar atrás.
E voltou. Porém, não muito. Foi até a cabana do indígena em que se alimentara no dia em que chegara ao farol.
- Dia. – falou o homem, à janela do nativo.
- Ora, quem vejo. Então, esteve presente na destruição do farol ontem? – respondeu o nativo, calmamente.
- Sim. Você o viu e nada fez, não foi averiguar? – perguntou incrédulo o homem.
- A cada ano, no último dia do solstício de verão, o farol queima. E minha missão é reconstruí-lo, todas as vezes, em prol de meus antepassados. – respondeu superficialmente o indígena. – A propósito, os animais da cidade, eu os crio. Sinta-se à vontade para alimentar-se. – completou.
- O que não sai da minha cabeça é... quem fez isso, quem incendiou o farol? – indaga impaciente o homem.
- Sinceramente, não sei. Não costumam haver muitos visitantes por estas terras. Na verdade, você é o primeiro em 6 anos que vejo por aqui. – informa o anfitrião.
- Hum. – resmunga o homem.
Após ter se alimentado e garantido um estoque de suprimentos para a viagem, o homem se volta aos destroços do farol. Dorme em uma das casas abandonadas. Engraçado, esqueceu-se de perguntar por que a cidade era abandonada... se bem que agora esta dúvida não o atormentava.
Pela manhã, pôs-se a vasculhar as ruínas novamente. Desta vez, o espaço estava mais vazio, não seria necessário muito para descobrir se encontraria o que buscava ou se ficaria frustrado e sem instruções sobre como seguir, desta vez.
O sol, ao brilho de meio-dia, relutou em alguma coisa no meio das ruínas e, um brilho esbranquiçado veio em sua direção. Era ali. Ouviu um sussurro em sua mente:
- Cuidado.
Hesitou, pensou e enfim, prosseguiu. Não havia mais o que fazer mesmo. Viu um pequeno botão, brilhante e imponente com seus 5 cm de diâmetro. Tocou-o.
Continua...
Hint: Nunca é tarde para voltar atrás.
4 comentários:
Muito legal o texto, está me lembrando um pouco o seriado "Lost".
Abraço
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Muito bom Gabriel!
Assim tu faz um livro em pouco tempo!
Lost misturado com O Alquimista, do Paulo Coelho.
Sério, nunca vi um minuto sequer de qualquer episódio da série "Lost". Também nunca li Paulo Coelho.
(Se um dia eu vender como esses "dois", estarei tranquilo)
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