Talvez o mais necessário dos erros fora cometido. A meia-volta firme do homem o fez traçar um novo caminho. Não exatamente ele o traçou. Parecia que agora, mais do que nunca, o destino se punha à sua frente, sem titubear, sem ponderar. Não sentia que tinha total controle sobre suas ações.
O botão, que agora ocupava o bolso frontal de suas vestes, trouxe imagens à sua cabeça. Tudo que poderia considerar-se subconsciente tornou-se altamente consciente, real e natural. As imagens criadas lhe davam a impressão de reproduções do que um dia acontecera. Via, constantemente, na cidade abandonada em que estava, fatos de seu passado. Não sabia se esta dádiva era digna de aprovação ou de preocupação. A voz que o advertiu da ultima vez ainda rebatia em seu crânio como uma bola de gude.
Eram duas horas da tarde. Seu relógio de sol era preciso. Repudiava o relógio digital. Caminhava pela cidade, como se fosse sua, até porque, não sabia para onde deveria ir. Estava desnorteado, sem direção, sem radar.
Repentinamente, uma nova imagem surge ao seu redor. Vê a cidade cheia, suas construções de pé. Humanos, muitos humanos. Em suma maioria, homens. Guerreando! Exército de branco... exército de vermelho. Se vira, um machado o acerta... não, apenas o atravessa... é como se fosse um fantasma. Sua presença não é notada em tais reproduções. Homens caem, sangue, brutalidade... pensou: - Primitivos.
Assistindo à luta, repara que o farol agora é um trono. Céus! O indígena ou alguém muito parecido com ele, talvez seu ancestral estava majestosamente posto naquele trono. O “pele-vermelha” desce de seu trono para dar assistência estratégica aos seus defensores. Neste momento, o homem percebe o botão, aquele que no momento está em seu poder, um dia este já esteve nas mãos daquele indígena.
- Interessante - pensou o homem de cabelos negros, muito mal cortados e secos.
Parecia que pela primeira vez nos últimos meses sentia apreço por alguém. Ficou curioso para saber mais sobre o nativo que o assistira nos últimos dias. Era ele, tinha de ser... seu próximo marco.
Estranhamente, após chegar a tal conclusão, sentia a presença de alguém novamente.
- Eu disse que não era tarde para voltar atrás – disse sua consciência, a velha e conhecida voz... reconfortante.
- Então, nem preciso perguntar meu próximo marco, certo? – perguntou inabalável o homem.
- Ainda acredito em você, Arximo. Teve a capacidade para tomar a atitude correta em um momento sem apoio algum. Este é o presságio do reconhecimento e isto o levará ao conhecimento. Neste momento, tens total controle sobre onde se levará e onde deve ser levado. – replica a voz, em tom materno.
E avista o leste. Lá, a residência do nativo, calma e serena. Era ele, seu próximo marco. E caminhou confiante, agora se reconhecendo. Arximo era seu nome e era um homem único, como qualquer outro.
Hint: Dizem por aí que as “atitudes é que provam quem é quem”.
3 comentários:
Rapazinho talentoso esse, não??
Parabéns Gabriel, está conseguindo fazer uma sequência de histórias bem interessante!
Quem é Gabriel?!
haha = ]
Valeu André : ]
Perdão, esqueci que aqui você é o "Brinquedo Mestiço".
hehehehe
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