terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O paradoxo da idade humana

Li uma passagem realmente fascinante, diga-se de passagem, em um livro que não gera a impressão de deixar mensagens fascinantes. Harry Potter. Sim, senhoras. No quinto livro do Bruxo inventado por J.K. Rowling, o diretor da escola de magia de Hogwarts, Alvo Dumbledore, ao prenunciar uma falha cometida por ele em relação ao protagonista, Harry, declara o martírio dos idosos na hora do trato aos jovens. (A passagem está dentre os 3 capítulos finais, é pouca coisa, se lhe interessa procurar...)
Todos sabemos que a relação jovem x idoso é sempre coberta por muito respeito, até por quê, naturalmente, sempre temos (falo como um jovem) a impressão de que o idoso que tratamos terá uma resposta para toda e qualquer pergunta, é sabido também que tem mais experiência de vida e, consequentemente, evitamos entrar em embates com estes adoráveis humanos "bem-passados".
Como ainda não passamos por tal fase, nosso respeito só aumenta, uma vez que a vivência é uma das qualidades que mais admiramos em outros seres humanos.
Em contrapartida, muitas vezes somos tratados como crianças pelos mais velhos. Tratam-nos como se não soubéssemos de nada e não temos experiência alguma, só pelo fato de sermos novos. Outras tantas vezes, martirizam nossa opinião, "cortam" o nosso espírito de luta e definem a maioria de nossas ideologias como tolas e mal-pensados. "Falta-lhe tempo e aprendizado para tornar-te mais sólido, filho.".
Até agora, não há novidade no que tenho dito.
Mas, voltando a passagem do livro (por mais que pareça bobinha, realmente me alertou a este conceito, e, tal, não baseia-se na velha discussão de que "Tamanho não é documento", no caso "Idade não é documento"), Dumbledore, ao declarar sua falta de confiança em Harry a contar-lhe um segredo, deixa evidente seu arrependimento, e declara, sem meias-palavras que o grande culpado de tal desconfiança fora esta relação (idoso x jovem). Acreditara que o menino Potter era novo demais e demasiado incapaz de receber tal informação, crucial para sua vida doravante.
O presente "erro" de Dumbledore fora esquecer-se, de que um dia fora jovem e, tinha as mesmas sensações sobre os velhos como sabia que Harry teria para com ele. Esta conclusão me alertou sobre o assunto e me fez refletir sobre a mesma. Percebi, que sempre tinha esta sensação, só não conseguia defini-la. Que nossos pais, avós, bisavós já foram jovens um dia e, tendo sido, nada mais normal do que rebuscar suas memórias para que melhor avaliem nossas angústias e concepções em geral. Sempre temos a impressão de que eles já nasceram VELHOS!
Ainda hei de conversar com uma avó minha sobre isso, tomei-me de curiosidade a saber mais sobre sua vida como jovem. Realmente acho que terei resultados interessantes.
Por mais que o tema pareça ignóbil e de indigno valor para muitos, vale bastante para o trato humano e, igualmente, para o CONtrato humano...
Nós, como jovens, naturalmente, não sabemos o que é ser idoso. Deste modo, o lado compreensivo da relação deve ser, em sua maior parte, o dos velhos. Eles um dia souberam o que é ser jovem e, certamente, ainda não o esqueceram. Imagino o quanto não seja nostálgico a eles pensar nisso...

Brinquedo Mestiço

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