segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Lágrima


E a lágrima esquivou-se sobre as marcas
que o choro contido deixava em seu rosto,
em um soluço escapa-lhe da face e cai
em direção aquele solo roto.

Ação por onde seu orgulho esvai,
essa ação de por amor chorar.
Aprendera que homens aguentam desgraças,
sem deixar lágrima alguma rolar.

Pro inferno com o que aprendera!
Como era possível de outra forma reagir
ao ouvir da boca que antes beijara,
"Vá embora, não te quero mais aqui!"?

Incrédulo o jovem se exaspera,
"Não podes finjir que tudo acabou!"
Impassível a mulher impera,
"Desapegue daquilo que passou."

Enquanto observado pelos olhos escuros,
o garoto sentia em sua garganta um nó.
Não compreendia como seu relacionamento
sucumbira assim do ouro ao pó.

"Não podes renegar ao esquecimento",
num ímpeto de ousadia ele bradou,
"aquilo que guiou nossos futuros!"
Mas ela com um olhar o censurou.

E depois ternamente lhe disse,
"Por que me acusas, como vilã impiedosa?
Acreditas mesmo que não ficarei mal?
Pensa então que nessa dor sou eu quem goza?

Para mim isso não é algo banal!
Me dói no peito igualmente esse fim,
mas ignoras, como se agora não me visse
não faça isso, não piore mais pra mim!"

A brisa fresca do entardecer de inverno
cortava as almas como a mais fina navalha,
enquanto a jovem de olhar piedoso e terno,
sentia ganha essa épica batalha.

Vencido, o jovem desabafa seu triste pezar,
"Qual o intuito de se sentir saudade,
do que nos é impossível conquistar?
Por que nos é proíbido a eternidade alcançar?"

Com um sorriso ela se aproximou
e lhe perguntou segurando sua mão,
"Se todas as coisas durassem para sempre,
você saberia o quão importantes são?"

11 comentários:

Stéfs disse...

Hum, resolveu seguir meu conselho então?!

A poesia ficou maravilhosa!
O que já era de se esperar vindo de um dos melhores escritores deste blog!

Gostei muito!
beijinhos!

Unknown disse...

quando você morrer posso ficar com ele?

Tarso "Carioca" Santana disse...

Poema trágico, vai bem acompanhado com um tango argentino.

Mas algo me diz que um garoto de seis anos e seu amigo imaginário ajudaram nosso escritor a compor o poema...

André M. Oliveira disse...

Nossa... o que denunciou o amigo imaginário? Oo

Ludmilla disse...

"De repente, não mais que de repente..."

Wolv disse...

Ótimo vocabulário
Rimas muito bacanas
Fiquei com pena do otário
E com raiva da mina sacana.

IUAHIuahiUAHIuah
Vê-se que não sou bom poeteiro. Fantástico, Pika. Discordo das razões da menina, mas é interessante o ponto de vista.
Tenho a impressão de que foi o texto seu que mais me agradou até agora, aqui no blog.
Grande abraço!

Unknown disse...

Ah... esqueci de perguntar: experiência própria? AHUAHUAHUHUAHUAHUAHUAUHUHA foi um belo de um pé na bunda =/

André M. Oliveira disse...

HUhuhsauhsuhsuashusha

Não Igor, não foi uma experiência própria. Apenas a junção de ócio, determinação e uma pitada de criatividade.

Ludmilla disse...

equação do blogueiro:

ócio + determinação + criatividade = post

Steh disse...

Lindo!

Brinquedo Mestiço disse...

Pikachu, depois converso com vc sobre a minha opinião do post...

mas cara, só li hoje e nunca vi algo que retratasse mais do que perfeitamente tudo que já podes imaginar que ocorreu... comigo...

sensacional.