quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Luto indizível



O indizível é aquilo
que dói além da dor,
que torna cabisbaixo
até mesmo o sonhador.

Olho em volta e percebo
vidas cinzas e a morte latente,
olho em volta e me impressiono,
com o devaneador, descontente.

Hoje falarei do inefável,
num ímpeto de ousadia direi o inexprimivel.
Mas sou incapaz de em uma frase abarcar,
tristeza, dor, luto e pesar.

Deveras é digno de se duvidar,
que este pobre homem o faça com facilidade ou maestria.
É possível mesmo questionar:
"Qual o intuito de escrever nessa noite fria?"

Bem, cá deixo minha humilde explicação,
quando se ama também se sofre,
e os amantes, em seu rito de expiação,
vertem lágrimas como moedas de um cofre.

Quando se luta o sentimento é também forte
por isso é necessário alto bradar,
no calor das batalhas de grande porte,
onde verte sangue o guerreiro que este brado honrar!

Ao poeta, só lhe resta verter rimas.
Por isso cá estou, a verter melodioso pranto avermelhado.
Verdade voraz das vidas virtuosas,
esse vórtice vertical veladamente pranteado.

Pranteio por aquela que amei,
e ao lado da qual lutei,
e que neste momento me faz
perceber o significado de paz.

Neste momento que a olho,
cercada dos velhos amigos,
que desorientados formam um molho
de almas perdidas em momentos antigos.

É... hoje é um dia de luto
no qual o sorriso se esvai em pranto
e a garganta sufoca tanto
que em minaha alma sinto um clamor bruto.

Me vem a mente uma criança deitada
pendendo os olhos mas dizendo-se sem sono
pedindo que outra história fosse narrada
e ela sorria e contava mais uma, como se o infante fosse seu dono.

Lembro-me de todas as onças, corças,
bruxas, aberrações, fadas, Joões e Marias
diferente de muitas das crianças
ainda sei de cor cada uma dessas narrativas

Prova disso é que há um mês,
em pé diante de sua cama,
era eu quem com certa altivez
contava histórias como quem ama.

Tive tempo de mostra-la que a lição aprendi,
no entanto numa noite que vai entrar pra memória
o sol há de se pôr mais triste,
partiu desse mundo a mestra do contador de histórias.


8 comentários:

André M. Oliveira disse...

Essa é a homenagem daquele que ontem acordou como um jovem estudante, e hoje adormece como uma criança em desalento, para aquela a quem ele admirava, não por ser uma santa intangível, mas por ser a mais humana das pessoas que conhecera e junto da qual, até nos momentos de desespero e pranto, só era possíevl sentir paz.

Adeus, Dona Dalila... vovó

Ludmilla disse...

...

Wolv disse...

Fiquei muito emocionado Pika. Estou certo de que todos ganhamos muito com a "riqueza" que você herdou de sua avó. Agora é a tua vez de passar isso pra frente, meu velho.
;)

Anônimo disse...

Até eu fiz questão de ler... força ae lek!

Unknown disse...

malz, sou anonimo não!!
eu que escrevi o de cima !

Marcionília disse...

E o contador de histórias seguiu seu destino de narrar os mais belos contos, ouvidos e escritos por ele, aos leigos que adoram ler suas palavras as quais parecem saltitar de sua mente com tanta leveza e a suavidez quanto se pode imaginar...
Ele carregará consigo a certeza de que tudo o que havia para se ver, aprender, viver... assim o foi, não necessariamente nessa ordem mas essencialmente com a intensidade com que ocorreu...
Saberá, como um dia talvez tenham lhe ensinado, que agora seu amor se tornou uma linda estrela a qual brilhará sempre para ele se ele quiser, e a qual estará sempre perto, em sua mente e coração, e lhe fará feliz pelas boas lembraças que deixou... ela o fará revelar um belo sorriso num momento qualquer!!!
A recordação lhe mostrará novamente e denovo que se deve continuar, e continuar significa sonhar, atitude indispensável para constituição de sua própria essência: um eterno apaixonado!

Força querido! Que Deus esteja contigo.

beijOs

Tarso "Carioca" Santana disse...

Eis o Destino de todos os Contadores e Contadoras de História, um dia se tornarem História!

Stéfs disse...

Querido, desculpe pela minha ausência.
Tive a constatação do triste fato somente no sábado, e no mesmo momento tive o ímpeto de contactá-lo, mas achei melhor não tocar novamente em um assunto tão doloroso.

É terrível saber que mesmo aqueles a quem mais admiramos são simples mortais.
Constatar essa triste realidade nos faz ver o quão insignificantes somos.
Mas o mais importante de tudo isso, foi o legado que ela deixou, a pessoa maravilhosa na qual ela te transformou, esse rapaz meigo, inteligente e um dos melhores contadores de histórias que já vi!

Mesmo a distância se fazendo grande e presente, não me esqueci de você e deixo bem claro que estou aqui para o que você precisar!

O tempo fará com que as lágrimas dolorosas de hoje se transformem nos sorrisos saudosos de amanhã!

Fica com Deus!
Beijos