quinta-feira, 19 de julho de 2012

Enfim, não torço porque...

Sou ateu.



O Futebol, o torcer por futebol tem muitas semelhanças com religião. Vamos do início: como se escolher uma religião? Se for ainda na infância, somos influenciados a escolher aquela à qual nossos pais pertencem, pois frequentam com determinada assiduidade a cultos, missas ou reuniões. Se a escolha ocorre mais tardiamente, pode ser que a mídia e os grupos de amizades venham a influenciar. O mesmo acontece com o futebol. Se a escolha ocorre na infância, geralmente há a outorga por parte do pai para que seus filhos torçam para o mesmo time que ele. Se a escolha ocorre mais tarde, a mídia mostra os times mais populares, as camisetas mais numerosas na rua, e os grupos de amigos convidam a ver jogos em bares ou estádios.

A prática do torcer tem ares de culto religioso. As pessoas se vestem e se pintam com as cores e o emblema de seus times e ídolos, assim como em cultos a determinados deuses. As danças e músicas entoadas com temas de vitória e glória ocorrem em ambos os ambientes, futebolístico e religioso.

O Futebol, assim como determinadas seitas, possui seus santos milagreiros, seus pastores. No futebol eles são chamados de craques, de ídolos, e são capazes de coisas impossíveis como um gol decisivo aos 47 do 2º tempo. Esses feitos são lembrados e relembrados por gerações, e bradados por torcedores que muitas vezes nem viram o feito de seu santo... foi seu pai quem lhe contou.

Hordas de torcedores de clubes diferentes se confrontam em disputas mortais apenas por usar camisetas e tintas diferentes, ignorando o fato de que muitas vezes adoraram os mesmo santos e deuses, (ídolos trocam de times  e súditos com certa frequência) assim como jovens católicos e protestantes na irlanda.

O torcedor gasta seu dinheiro, tempo, batimentos cardíacos e saúde no esforço de promover os valores de um clube, milagres de campeonatos que há muito estão no passado, de glórias conquistadas por santos mortos, de milagres que ele mesmo não viu. Promove valores fictícios que estão atrelados à violência, à marginalidade e à incoerência. O mesmo faz o religioso que ostenta seus símbolos, seus valores que encobrem crimes e vergonhas, milagres que nunca viu de santos que muitas das vezes nem existiram.

Adoro futebol. Sou um ótimo zagueiro se querem saber, e tenho o sonho de poder voltar a jogar minha pelada semanal como antigamente. Mas quero que me dê uma bixeira no cú no dia em que eu voltar a torcer por futebol.

2 comentários:

Taíla Castro disse...

Ótimo texto Wolv!!
Um desfecho muito interessante para a série, que diga-se de passagem, li me divertindo muito! (principalmente com o primeiro!)

P.s.: sou amiga do André!
:D

Anônimo disse...

"E meus amigos me acordam em uma noite de sono importante por causa de um título "meia-boca" de Copa do Brasil"
faltou isso ae Wolv! Hahahahah


Gabriel