sexta-feira, 22 de abril de 2011

Titanomaquia: Parte 1 – A Senhora do Universo

Capítulo 8

Após anos na caverna Zeus já era um jovem saudável e forte, pois diversas criaturas das florestas vinham lhe trazer alimentos, enquanto os Curetes treinavam seu corpo, desde cedo, para qualquer batalha.

Zeus também cresceu em sabedoria, todos os dias a águia Óbulo voava pelo mundo e a noite pousava na caverna para contar as histórias que presenciara para o pequeno deus.

Mesmo com a formação dessa rotina Amaltéia não conseguia se tranqüilizar. Havia poucas notícias dos Titãs, e todas desencontradas. Nos primeiros meses todos nas proximidades da Caverna Dicte se mantinham a postos. Hidas produziu diversas armadilhas e todos os dias verificava cada uma delas. Célmis mantinha todos alertas para os detalhes. As matas próximas estavam repletas de ninfas vigilantes. Mas, depois de uns anos os Curetes começaram a relaxar, as ninfas deixaram de povoar maciçamente os bosques e quanto mais ela via isso acontecendo, mais desesperada ela ficava.

Amaltéia acreditava que eram nesses momentos que as coisas dão errado, quando nos deixamos cegar pelo inerte caminho da rotina.

Um dia, enquanto Zeus a beira de um córrego ouvia Óbulo narrar o nascimento dos gêmeos Tânatos e Hipnos, Amaltéia desabafou suas preocupações para Hidas.

- Minha cara, não há motivo para tais preocupações. Os Titãs não estão próximos, você não me vê trabalhando por perto por que, atualmente, tenho meios de perceber a aproximação de qualquer ser estranho a uma enorme distância. A mata está embrenhada de armadilhas, não olho cada uma delas agora por que há tantas que seria necessário um exército para ativar todas.

- Obrigada Hidas... É bom saber que vocês estão cuidando de tudo. Mas não sei, sempre me assusto com a possibilidade de que os Titãs invistam contra nós e ocorra um massacre.

Ao dizer isso Amaltéia estava com seus belos olhos azuis opacos e tristonhos. Não podia deixar de pensar nos horrores que os Titãs ou qualquer enviado deles poderia fazer com todos ali. Zeus era poderoso, ninguém sabia ao certo o quanto, mas será que os outros também o seriam?

- Amaltéia, sou de opinião que esse não é a única coisa que te aflige.

A ninfa olhou para o Curete, sua face transmitia um cansaço profundo.

- Hidas, o que vamos fazer? O tempo está passando, Zeus está mais forte, um dia ele terá de se levantar contra Cronos... e eu não vejo como isso pode dar certo!

O Curete ficou pensativo. Ele não sabia como responder. Ninguém sabia.

Nesse instante um forte ruído seguido do som de sinetes chamou a atenção de todos. Vinha da parte Ocidental da floresta. Hidas se levantou de um salto, uma das armadilhas foi disparada!

Célmis gesticulava ordens precisas, direcionando sua equipe em duplas de ataque, que se movem mais facilmente dentro da floresta. Como batedores do grupo estão Damnes e Herácles, os demais seguem em intervalos. Logo atrás destes Alcmon e o próprio Célmis. Depois, Paione e Hidas. Em seguida Hepimedes e Jásio. Por fim vai Êonis, o curandeiro.

Todos correm no mesmo ritmo, cada um portando seu respectivo equipamento. Em poucos minutos chegam até o local de onde veio o som da armadilha. Lá, preso por um emaranhado de cordas se encontrava um lobo de grande porte e olhar selvagem.

- Vejam só, é apenas um animal estúpido! Disse Damneus com escárnio para os demais. Entretanto seu coração gelou de espanto ao ouvir atrás de si uma doce voz que anunciava a presença de mais alguém.

- Então estes são os Guardiões que Réia mantém a seu serviço, os lendários Curetes! Resta saber apenas, o que tão vistosos guerreiros estariam guardando...

Ao se virarem os Guerreiros contemplaram uma jovem de incrível beleza, seus cabelos eram escuros e dependendo de como a luz bruxuleante da floresta lhes atingia pareciam refletir um tom azulado, sua pele levemente bronzeada condizia com o vermelho vivo de seus lábios e o negro profundo de seus olhos parecia sugar o espectador como o repuxo do mar.

Firme, Paione se adiantou e falou com a jovem, enquanto os demais se mantinham a postos e a beldade movia lentamente suas mãos, numa espécie de dança cadenciada.

- Minha bela dama, seria até mesmo desonroso termos de combatê-la, de certo não pretendes fazer mal algum a nós. Estou correto?

Olhando para ele com um sorriso irônico a beldade responde: - Já fiz, pobre mortal... Já fiz!

Um comentário:

André M. Oliveira disse...

Saudações insanos de plantão. Então, após um longo hiato finalmente termino a primeira parte da série Titanomaquia onde são apresentados os principais personagens e começam a se delinear as intrigas que levarão a cabo nossa história.
O capítulo 8 é marcado pelo surgimento de uma personagem misteriosa que será de fundamental importância para a história, de tal forma que ela inaugura, a partir da próxima publicação, a segunda parte da série: O Monte Olimpo. Até mais, aproveitem.