segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Centenário 1/5


A noiva
Quinta-feira quente. O céu de Copacabana doía a vista de tão límpido. Próxima  à janela de um apartamento com vista pro mar D. Dorotéia, uma das mais tradicionais costureiras da cidade, dava os últimos ajustes no Vestido de Noiva.
Fazia um trabalho minucioso, conhecia Clarinha, a noiva, há tempos. Sem dúvidas ela era merecedora de todo esse esmero; uma jovem bonita, simpática, educada, atenciosa e de ótimo coração. Quando se referia a ela para suas amigas D. Dorotéia normalmente empregava o epíteto de “aquela santa mulher”, ou ainda, “A mulher sem pecado”, tamanho era seu carinho pela jovem. Logo, o vestido deveria ficar um mimo.
Na hora marcada para a prova do vestido Clarinha bateu à porta da velha senhora. Apertava a bolsa com as mãos angustiada, pensando nos preparativos para o matrimônio, o grande dia. Esperava que o vestido estivesse pronto.
Foi prontamente atendida pela boa senhora que disse:
- Olá meu anjo, vamos, entre. Fique à vontade.
Já com o vestido Clarinha se extasiava de frente para o espelho. Fazendas, sedas, bordados e botões de pérola se somavam em um conjunto deslumbrante. Na saída parou na porta e interpelou Dorotéia:
- Ficou perfeito Dô. Tem tantos detalhes, tanta beleza! Deve ter dado muito trabalho, estou até sem graça de pagar tão pouco. O preço está bem abaixo do que eu vi nas lojas...
- Não se preocupe minha filha, apenas não extrapolo os preços como umas e outras por aí. Como já dizia minha santa mãe no fim de sua vida, sou viúva, porém honesta, não trabalho extorquindo ninguém, não passo necessidades nem nada, e mesmo que passasse, não justificaria isso, certo?
Com um sorriso angelical Clarinha pagou o combinado e voltou para o carro onde Jorge a esperava.
- Não entendo o porquê de me fazer esperar aqui. Disse ligando o carro.
-Ué, nunca te disseram amor? O noivo ver o vestido antes do casamento dá azar.
Brincou a jovem se ajeitando no banco do carona.


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