segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Faca de dois gumes


Em um dia de sol como todo turista adoraria ver na cidade do Rio de Janeiro, estava eu isento de todo esse calor em uma não tão confortável poltrona de ônibus. Porém tinha algo nele que me fazia agradecer qualquer coisa que poderia me incomodar no momento: ar-condicionado.

Um ar refrigerado através da subtração de umidade que tem como a principal característica o egoísmo. Sim, sempre em ambientes selados para que o ar não escape, afinal não daria para resfriar o mundo inteiro. E no ambiente no qual me encontrava, o selo principal era a janela, que além de impedir que eu sinta o calor também me tornava invulnerável ao enfado proporcionado pelos sons gerados por toda grande cidade.

Porém, ao pararmos em um ponto de ônibus vi uma cena que desejei que toda essa proteção se estilhaçasse no chão e me permitisse ouvir o que um artista de rua, um violinista, tocava. Considero-me um apreciador de vários estilos de músicas e instrumentos, e sem dúvidas, o violino é um que me fascina, talvez por não souber tocar. Cada nota executada ainda me parece mágica, como a uma criança aquele coelho saindo da cartola, e por não terem trastes o instrumento, eu não consegui se quer supor que notas eram tocadas e imaginar a melodia.

Era tão estranho assistir às diferentes expressões no rosto do mesmo garoto e a mesma de indiferença das várias pessoas que passavam e não poder ouvir o que saia daquelas quatro cordas. Será que eram músicas famosas? Será que eram tão mal executadas que valiam menos que uns centavos para desencargo de consciência? Ou seria o próximo gênio da música que o grande público jamais conhecerá? Não sei e nem posso dar uma opinião, e o que mais me incomoda é que chegando ao meu ponto de descida, comecei a sentir o calor e ainda não posso julgar a arte do violinista, por que já estou muito longe agora.

Um comentário:

Tarso "Carioca" Santana disse...

Ora vejam só! Por essa não esparávamos!

Ele realmente escreveu. rs.


Bem legal, muitas vezes deixamos muitas coisas boas fora de nossas vidas porque buscamos um "conforto" que por mais abrangente que seja, nunca será completo.

Continue com o bom trabalho.