terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Era uma vez...



"Era uma vez, nos tempos antigos, antigos como as montanhas que se vêem ao longe, em uma aldeia distante, quando a tristeza e o desânimo se quedavam sobre os habitantes, a ponto de alguns adoecerem de angústia, estes se sentavam em torno do velho mago da tribo para ouví-lo contar como os avós dos avós de seus avós haviam passado por terras fantásticas, vivendo grandes aventuras até chegar aquele lugar onde escolheram erguer suas casas, arar a terra e criar seus filhos. As crianças agitavam-se empolgadas com as narrativas enquanto os adultos contemplavam, apropriando-se de cada frase, reconhecendo na trama algo de si e identificando-se com personagens. Era reconfortante saber-se, ainda que de forma indireta, protagonista de uma história com muitos heróis. Certo dia porém o mago morreu repentinamente, sem deixar um substituto para narrar as histórias de sua gente.
Preocupados, com receio de que as histórias desaparecessem, alguns temiam que as pessoas se dispersassem. Então um jovem teve uma ideia: homens, mulheres e crianças deveriam se reunir naquela mesma clareira onde tantas vezes haviam ouvido os contos da boca do antigo líder e passar, cada um por sua vez, a contar trechos de uma saga coletiva, que ganhava novos elementos, detalhes, conotações e tons a cada encontro.
O povo descobriu então que, enquanto pudesse narrar, teria algo em comum, uma identidade, um lugar de pertencimento - e eles não se perderiam uns dos outros. Ainda que porventura alguém não estivesse fisicamente próximo, seria preservar um lastro - estaria garantido um espaço de existir."
Esta pequena história não é de minha autoria. É uma antiga lenda africana que li recentemente. Tal lenda dispertou em mim a ideia de que assim como os habitantes dessa tribo somos todos narradores de histórias de nós mesmos, de uma forma ou de outra. Tanto de forma direta, dividindo experiências realmente vividas, como de forma indireta, deixando nossa marca em um texto, ou em um comentário.
Então, aproveito o ensejo para parabenizar a todos aqueles que neste ano se sentaram nesta "clareira" que chamamos de Mente Insana para contar suas histórias, assim como a todos aqueles que engrandeceram-nos parando por alguns momentos para aprecia-las em alguns momentos colaborando com a elaboração de nossas histórias através dos comentários, em outros tecendo histórias silenciosas que se desenrolam dos olhos para dentro, nos reconditos da alma e se impregnam no inconsciente aguardando o momento de se tornar uma ação no mundo.
Assim, desejo a todos ótimas festas e faço votos para que todos tenham um prazeroso fim de ano, em 2011 continuaremos por aqui, alimentando nossas mentes com a insanidade necessária para manter nosso corpo são.

4 comentários:

Unknown disse...

nosso porta-voz...

Stéfs disse...

Como sempre ele vem nos presentear com seus textos surpreendentes!

Sua mensagem ficou linda Pikachu!

Esperamos que em 2011 muitos outros contos "insanos" nos mantenham "sãos".

E fecho com o Igor...
Nosso grande porta voz =D

Beijos!

Wolv disse...

Que belo presente recebemos aqui com este texto, Pika. Fiquei emocionado ao ler.
Felicidades e boas festas a todos!!

Jeane disse...

Belo texto Dedé!!

Concerteza continuarei por aqui, alimentando minha mente com a insanidade necessária para manter meu corpo são...