Uma noite regular em Gotham, tão
sombria quanto comum. Na penumbra do hall da casa do prefeito da cidade, uma
felina se encontra a olhar charmosamente o cômodo do canto superior, no alto de
um móvel velho e empoeirado.
“Hum, essa posição, essa
iluminação me faz sentir como um... morcego!” – Selina Kyle se diverte em seus
pensamentos.
Havia passado a primeira horda de
seguranças da residência oficial da cidade com facilidade. Adentrar a mansão
não foi tarefa das mais exigentes. Agora se encontra a caminhar suavemente
sobre o tapete que leva ao home office
do chefe político da cidade.
Dois seguranças armados, um a
caminhar lentamente à sua frente, de costas e o outro que não consegue notar
sua presença, uma vez que sutilmente abaixou-se e usou o corpo do primeiro para
esconder-se, ardilosa como o mais terrível dos bichanos.
Com a adrenalina passando por sua
corrente sanguínea e fundindo-se com seu collant preto, por entre a máscara
seus olhos avaliam rapidamente suas possibilidades e, em fração de segundos,
põe sua mão direita nas boleadoras
presas em seu cinto.
Ao mesmo tempo em que lança com
precisão seu par de boleadoras no
pescoço do guarda que se encontra mais próximo à sua frente, pega seu velho e
sempre efetivo chicote, já acertando certeiramente a testa do segundo guarda
que só teve tempo de arregalar os olhos. Este cai desacordado e o primeiro
atingido, no chão e sentindo as delicadas, porém cruéis mãos da Mulher-Gato a
tampar sua boca, agora sente a respiração ao pé do ouvido:
- Quero que me aponte com os
olhos onde está o cofre, se pensar em gritar ou me atacar, rasgo seu peito aqui
e agora – praticamente sibila a Gata, mostrando em sua mão esquerda as afiadas
unhas de metal prontas para entrar em ação.
Com o suor frio escorrendo por
suas têmporas, o guarda olha para baixo, diretamente para um compartimento
inferior da estante de livros do prefeito.
- Muito bem, bonitão – Selina
guarda suas garras, passa a mão delicadamente sobre a testa de sua presa e com
um forte murro, põe o guarda para um cochilo noturno instantâneo.
Dirige-se ao lugar indicado,
passa os dedos pelos livros e ao ver um pequeno bloco verde, que ela percebe
não ser um livro e que seu lugar em meio aos Vade Mecums do prefeito não faz sentido algum, ficou fácil para a
princesa do crime de Gotham. Desloca o bloco para frente, ouve um ‘click’ e vê
a portinhola da estante se abrindo à sua direita.
O cofre, daqueles antigos, não
oferece o menor desafio para a srta. Kyle que em uma série de movimentos
rápidos e precisos o abre sem maiores dificuldades.
Mais de 100 quilates brilham à
sua frente, com aquela lapidação clássica e perfeita, o diamante praticamente
traduz-se em Poder da Elite de Gotham.
- E os malditos medrosos são tão
ingênuos ao achar que a residência imperial seria o lugar certo pra guardar
essa belezinha... hãn hãn – pensa alto consigo, balançando levemente a cabeça.
Pega a pedra e ao deslocar-se à
janela mais próxima, um guarda chega correndo à porta:
- Parada! A Mulher-Gato está
aqui! – grita o assustado homem, já empunhando sua Sub-Macine Gun.
Em um pulo, a Felina vai à janela
e com seu chicote já em mãos, prepara-se para a rápida fuga, ouvindo os
primeiros tiros sendo desferidos da veloz arma do sujeito.
Por centímetros não teve seu
tornozelo atingido ao sair, e seu chicote, agora levando-a pra cima, faz com
que em segundos esteja no telhado da mansão, agachando-se para engatinhar como
manda o figurino.
Três, quatro ‘passos’ e olhando
para baixo, aquela sombra com aquelas orelhas quase felinas enche seu peito,
fazendo o coração pulsar como ainda não havia pulsado aquela noite.
- Eu acho que vi um gatinho... –
Dispara a Gata, achando-se totalmente sagaz ao citar o desenho que passava
distraidamente na TV de sua sala pela manhã.
- Dessa vez não, Selina. – Com a
bat-garra empunhada, o Cavaleiro das Trevas atira em suas mãos e pés, que com
um movimento rápido esquivam-se para a direita.
Colocando-se de pé e em posição
de combate, com uma charmosa expressão de satisfação, a Felina, com aqueles
grandes olhos castanhos focam o olhar atento do Batman:
- Estive esperando por você,
Morcegão. Há quanto tempo esteve aí? – indaga a antiga bailarina.
- Tempo suficiente, sabendo que
você viria atrás do Brilho de Gotham. – responde o Homem-Morcego.
- Então presumo que também esteve
esperando pelo que está por vir, certo? – pergunta curiosa.
- Na verdade, este embate já
acabou. – Retruca Bruce e, nesse momento, seu fiel escudeiro surge das sombras
e segura os braços da tentadora vilã. – Você está presa Selina, sem mais
perguntas, agora você só deve resposta às autoridades.
- Por essa eu não esperava,
bonitão. Mas nós dois sabemos que muito em breve nos veremos novamente – diz
calmamente Selina, com uma piscada, já sendo algemada por Robin.
E Bruce, com seu olhar misterioso,
fita a algoz. Como se não quisesse estar fazendo aquilo, apenas cumprindo uma
espécie de dever...
- A pedra não está com ela – diz
o garoto prodígio, após revistá-la.
E com a chegada da polícia, um Batman parecendo confuso, em
algum tipo de conflito interno, apenas conclui:
- Bom, essa questão já não concerne ao meu departamento.
Vamos.
E pelo vidro da viatura policial, Selina vê as duas sombras
adentrando a escuridão, e suspira...
“É, acho que agora sim topei com um verdadeiro desafio.” –
pensa a anti-heróina.
3 comentários:
afiadíssimos! Pika, Igor, que tal aquela parceragem em continuar compondo a história? Bora?
Olha só! Mt bom! A coisa que mais me agradou no meu texto foi tê-lo deixado empolgado para continuar a história!
Mt legal mesmo o seu texto, essa nossa trilogia já entrou para a história do blog.
Wolv e Igor, agora é com vocês! Tarso, pode ter certeza que apesar de não ser sua intenção inicial, provavelmente, foi exatamente isso que mais me atingiu. Deu muito gosto!
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