quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Centenário 3/5


Arnaldo
Sentado na sacada do 15° andar Arnaldo folheava o álbum de família. Via com nostalgia a casa em Saquarema, as férias em Angra ainda na velha brasília, Boris o labrador, Felícia  a gatinha... Parou um instante, uma foto de quando a dita gata deu à luz sete gatinhos. Lá estavam eles junto à Felícia, o menorzinho no colo da Rita... A falecida gostava muito de gatos.
Arnaldo não era desses viúvos melancólicos, mas, naquela noite procurava por algumas lembranças que o mantivessem nos eixos. Olhou para o copo de uísque quase vazio na mesa, talvez também precisasse parar com o álcool, talvez, e jogou o que restava na garganta.
Nesse instante Jorge irrompe porta à dentro com estrondo, fazendo o homem saltar de susto se engasgando. Ainda tossindo gritou.
- Nossa Senhora dos Afogados, Jorge, para que essa ignorância toda?
Sorrindo o rapaz emendou: - Está inventando nome de santo agora pai? Ora, vim aqui leva-lo de volta para minha festa de casamento!
- Bebi demais, é melhor ficar por aqui pra não fazer besteira.
- Nada disso, há um monte de bêbados lá em baixo, não é o senhor que vai ficar de fora! Olha só, está andando bem, e conversando perfeitamente! Deixa de conversa.
Recolocando o álbum na estante Arnaldo pensa: “- Não existe perfeição assim... não dá.”

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