A maioria fica estupefata, pois acham que como homem, eu deveria pelo menos pensar no caso de ficar mais perto dos belíssimos órgãos sexuais femininos. Acreditam que é o sonho de qualquer homem trabalhar com aquilo que mais gosta. Bom, se eu fosse levar em consideração trabalhar com aquilo que mais gosto, seria um prostituto; não médico. Assim surpresas, as pessoas me questionam o porque de decisão, então, tão precipitada. De facto, devo admitir que num primeiro momento é realmente interessante pensar em trabalhar com mulheres de pernas abertas. No entanto, se pensarmos um pouco mais a fundo veremos que a coisa não é tão bacana assim.
Primeiro, de todas as especialdades médicas que podem ser escolhidas por um homem, a ginecologia é a que mais demora a dar retorno financeiro ao recém-formado. O camarada que se especializa em qualquer outra coisa, logo no início da carreira já começa a tratar de familiares, vizinhos, colegas de infância e de faculdade. Mas e o coitado do Ginecologista, como faz? Primeiramente o formado em ginecologia limita seus clientes apenas ao público feminino, logo, seus primos e colegas de cerveja e futebol não irão se consultar com ele. A mãe dele já tem um ginecologista há anos, e assim como no caso dos cabeleireiros, as mulheres somente mudam de ginecologista por motivo e óbito, mudança de cidade, ou uma cagada indescritível. Logo, a mãe dele não vai se consultar com ele. O mesmo pode ser dito das avós, tias e primas, que mesmo torcendo muito pelo seu sucesso, jamais terão coragem de se abrir em seu consultório. Nem preciso dizer que as amigas, conhecidas e namoradas/esposas de amigos já o eliminam como possível médico somente pelo fato de ser um conhecido.
Em segundo lugar vem o dia-a-dia destruidor de expectativas. Tomemos a minha pessoa como exemplo: não sou nenhum tipo de D. Juan, Amante Latino, ou pegador - como diriam as massas - sou um simples Nerd estudioso que tem uma singela vida social, boa aparência e um pouco de sorte. Colocando na ponta do lápis, nos meus 25 anos de vida, devo ter feito sexo com pouco mais de duas dezenas de mulheres. Como disse anteriormente, tenho um pouco de sorte e posso considerar que cerca de 80 a 90% delas eram do tipo que você apresenta pra mãe e pode andar de mãos dadas no shopping sem que as pessoas fiquem apontando dedos e rindo. Vê-se que meu histórico não é muito rico se comparado à maioria da população, mas mesmo diante de um espaço amostral tão reduzido, de meninas que aparentemente cuidavam de sua saúde e higiene, eu devo dizer que encarei muita coisa feia. Não falo sobre cortes de cabelo desleixados, formas ou tamanhos, e sim sobre mal cheiro e secreções indesejadas.
Passo a pensar então em como deve ser a rotina de um Ginecologosta. Nenhuma mulher vai ao Ginecologista e diz: "Veja doutor! Ficou bonito esse novo corte de cabelo?" ou "Gostou do meu piercing novo? Vim aqui somente para mostrá-lo ao senhor." Isso JAMAIS ocorrerá. Resta ao infeliz Ginecologista somente cavidades inflamadas, lamacentas de pus e adornadas com verrugas. Se eu que sou eu, já vi tanta coisa feia, imagino no consultório do pobre coitado.
- Doutor, tem dois meses que tá assim roxo no meiozinho e escorrendo essa geleca marrom, mas quando apareceram essas bolinhas verdes em volta fiquei preoupada.
- Mas minha senhora - diz o médico segurando a ânsia de vômito - a senhora deveria ter vindo aqui há dois meses então!
- Ah doutor, minha irmã disse que era normal, e que a dela também fica assim. Doutor, o senhor tá escondendo um cadáver no banheiro? Que cheiro horroso, vai lá dar descarga, por favor.
- Desculpa minha sehora, mas não é do meu banheiro que vem esse cheiro de carniça.
Ui!!