A noiva
Quinta-feira quente. O céu de
Copacabana doía a vista de tão límpido. Próxima
à janela de um apartamento com vista pro mar D. Dorotéia, uma das mais
tradicionais costureiras da cidade, dava os últimos ajustes no Vestido de
Noiva.
Fazia um trabalho minucioso,
conhecia Clarinha, a noiva, há tempos. Sem dúvidas ela era merecedora de todo
esse esmero; uma jovem bonita, simpática, educada, atenciosa e de ótimo coração.
Quando se referia a ela para suas amigas D. Dorotéia normalmente empregava o epíteto
de “aquela santa mulher”, ou ainda, “A mulher sem pecado”, tamanho era seu
carinho pela jovem. Logo, o vestido deveria ficar um mimo.
Na hora marcada para a prova do
vestido Clarinha bateu à porta da velha senhora. Apertava a bolsa com as mãos
angustiada, pensando nos preparativos para o matrimônio, o grande dia. Esperava
que o vestido estivesse pronto.
Foi prontamente atendida pela boa
senhora que disse:
- Olá meu anjo, vamos, entre. Fique
à vontade.
Já com o vestido Clarinha se
extasiava de frente para o espelho. Fazendas, sedas, bordados e botões de pérola
se somavam em um conjunto deslumbrante. Na saída parou na porta e interpelou
Dorotéia:
- Ficou perfeito Dô. Tem tantos
detalhes, tanta beleza! Deve ter dado muito trabalho, estou até sem graça de
pagar tão pouco. O preço está bem abaixo do que eu vi nas lojas...
- Não se preocupe minha filha,
apenas não extrapolo os preços como umas e outras por aí. Como já dizia minha
santa mãe no fim de sua vida, sou viúva, porém honesta, não trabalho
extorquindo ninguém, não passo necessidades nem nada, e mesmo que passasse, não
justificaria isso, certo?
Com um sorriso angelical Clarinha
pagou o combinado e voltou para o carro onde Jorge a esperava.
- Não entendo o porquê de me fazer
esperar aqui. Disse ligando o carro.
-Ué, nunca te disseram amor? O
noivo ver o vestido antes do casamento dá azar.
Brincou a jovem se ajeitando no
banco do carona.
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