Movimentos peristálticos.
É assim que geralmente começam as primeiras sinapses, fagulhas de uma mente acostumada ao fisiologismo. Não importando a circunstância, a temperatura, o local, a iluminação ou o sentimento, a certeza é uma: vai dar merda.
Um som atravessado advindo da região abdominal pode indicar várias coisas, limitadas pelo sistema digestivo. Não é uma história de boy meets girl, é uma história de merda mesmo. Cocô. Ou um pum. Às vezes até um arroto. O final é o mesmo. Nada exclusivo ou especial. Na verdade, de forma abrangente, é uma das coisas que nos faz iguais.
Uma cagada pode ser aliviante. Pode ser cômica. Às vezes angustiante. Uma prisão do ser. Prioridade um. Uma boa cagada pode levar todos os seus problemas, literalmente, pelo ralo. Um descarrego mal feito pode resultar num péssimo dia. Não importa o segundo anterior, ou posterior. No momento que o ânus pisca, nada te torna mais animal que a grosseria do seu corpo expelindo aquilo que lhe é desnecessário.
Um conselho: dê uma bela cagada todos os dias. Bata no peito, respeite-se. Dê uma tchauzinho na hora de se despedir. Afinal, os seus rejeitos não são apenas residuais, mas uma constatação daquilo que lhe é inútil. Cague mesmo, real ou metaforicamente; cague pro que não te faz bem, cague pro que não lhe é necessário, cague pro que já foi consumido e absorvido pelo corpo. Prender-se ao que não te faz bem só não é pior que prisão de ventre.
Quando alguém vier lhe perguntar "Tem dor maior que dor de amor?", pergunte-lhe, com sinceridade "Já ficou 5 dias sem cagar?". Reveja suas prioridades. Mais vale um bostejo na privada que no seu feed do facebook.
Vá cagar.
E se tiver sorte, um sonzinho no estômago de alguém especial pode virar a premissa de um dia maravilhoso.
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