quinta-feira, 23 de julho de 2020

Mudanças

Ouvia dizer que rir da própria desgraça demonstrava força mental. O fazia então, pois ainda procurava meu lugar no mundo. Adolescente, 18, 19 anos, mal sabia o que me esperava pela frente.
Ouvia dizer que política e religião não se discute. Mal sabia aquele menino que hoje política tá se discutindo até demais, e Deus tá sendo um constante processo de desconstrução e reconstrução.
Ouvia dizer que só vivemos um grande amor na vida. Descobri então, nos lugares menos esperados, que o amor é oceano, e emana de dentro pra fora.
Ouvia dizer que vegetarianismo era negação da espécie. Hoje, um ato político.
Ouvia dizer, ouvia dizer...

Ainda bem que as coisas mudam. Não mudassem, não seriam coisas, seria outra palavra.
O que antes era só música eletrônica, hoje virou disco, house, lo-fi, deep, prog e etc.
O que antes era "só piada", hoje virou cultura do estupro.
Ainda bem que as coisas mudam.
E o que é hoje, mudará também. Os ciclos se renovam, e praticamente nada na vida remanesce o mesmo.

Ainda bem que as coisas mudam...
Até quando se repetem, elas mudam.

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