Só hoje, atravessei o
vale das incertezas, mergulhei no lago dos sonhos, pedalei na estrada da
nostalgia e me aventurei na taverna da esperança. Cada qual em sua
particularidade infinita, conferi a confusão encerrada do ser frente ao espelho
das formas abstratas. Inegável apelo ao Olimpo, clarividência, clemência,
piedade. Outrora épica, a narrativa simples do camponês e sua donzela, felicidade
como se brinda a cartilha - morada, grata, fácil e farta – tornara-se odisseia.
Perde tortuosidade na
fuga pelo simples, o encontro humano nas infinitudes do acaso. Va lá o infinito
particular, implacável e cessado não-tedioso dando espaço às experiências inerentes
das primeiras-vezes. Na contrapartida sensivelmente poética do apaixonar-se por
alguém como você, há a dureza do fato. A própria partida da contrapartida.
Enxergar o vibrante arco-íris da existência em cima da montanha de caca do ser.
O balanço humano, sem perfeições, sinestésico, adaptável e mutável.
Na rua das saudades, já
me perdi umas quarenta e oito vezes. Possibilidades inócuas em algumas saídas,
probabilidades reescritas em outras. Sobrevivência. Na sabedoria contemporânea
no dirty talk de uma incipiente celebridade,
a astúcia da experiência humana: saudade do que ainda nem foi vivido.
O espaço inexplorado,
datado como mais um. Dia 27, mais um. Onde o viajante se perde e se encontra. Sabendo
seu valor, sua cor e seu caos. Não sabendo nada, ao mesmo tempo. Sente falta do
devido abraço, do devido apreço. Se deleita ao sorriso, ao rir da vida com a
capacidade da criança que sabe que está absolutamente tudo bem. O viajante sabe
o valor de casa pois já se perdera. O sedentário sabe o valor de casa pois já
se encontrara.
Flexível rigidez do vento
que sopra às pedras, balança árvores e não derruba frutos. Agressiva,
ciclicamente busca natureza. A flecha só vai mais ao longe aumentando a tensão.
Sente, tensão, o desejo. De querer, de contar, de somar e caminhar. Só se
conhece aquele que se perde, sabe o viajante; vence aquele que não perde.
Quando dói, o foco é na dor até que se cure; sapiência natural de
desenvolvimento ancestral. Vibra gratidão, clama retomada.
E segue a caminhada.
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