- Suplica que não lhe esmurres mais a ponto de corte - diz a consciência.
- Limito-me à tentativa de reforçar-me com uma a mais - lhe retruca o imaterial.
- Como lhe dá forma, se não a vil semântica da recorrente dor? - indaga-lhe a consciência.
- Sirvo-me de experimentos, de sensações e constatações. Sem estas, nada sou, nada me torno e nada me transformo - conclui imaterialmente.
- Se as constatações se repetem, o esforço é em vão - resume-lhe conscientemente.
- Às vezes a compreensão vai além do vão. Necessita da profundidade.
- Me é ininteligível.
- Me é como a água à garganta insaciada.
- Me é como a tortura da alma.
Conscientemente, passa a ser inconsciente. Ciente daquilo que indefine-se e passa. Cansado da constante dor. Dá-se por vencido.
- Nem o mais nobre dos sentimentos é capaz de suportar isso! - Brada a consciência.
- Você pouco sabe sobre resiliência, racionalizando o imaterial! Deixe-me ir além, deixe-me tentar novamente! - Exalta-se o coração.
- Quem manda aqui sou eu! Pelo menos é assim que concebo a nossa incoerente coexistência. - retruca.
- Mal sabe o quão manipulada estás. A dor me traz vida, é um sensação construtiva.
- Insistência resulta em acúmulos. De erros. De lágrimas. De devaneios descontrolados.
- Me parece apetitoso.
- Lhe é venenoso.
Torna-lhe inconsciente de sua consciência. Fading. O existencial perde ainda mais o sentido. Chão? Segurança? Imateriais. Sonhos construídos desalicerçados. Tortos. Lindos, à medida do romantismo.
Fica, nobre anjo
Que o entardecer se aproxima
A noite que lhe abriga
Derruba-lhe com abranjo
Roda, tontura
Me chama de tudo
Divide-se em nulo
Desiludidamente perdura
Se nomeia eterno
Faça-lhe ruir
Desgraçadamente cair
Ao findar do inverno
O requiém da nobreza
Grata, farta
Destituída, infarta
Conjura a Natureza
Procura crescer
Jovem mancebo
Que já é cedo
Ao amanhecer
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