Felicidade e liberdade não são
apenas palavras que rimam. São remetentes, combinatórias, dependentes e
co-relacionadas. Essa afirmação me faz pensar no quanto somos reclusos.
Dado momento de rara beleza, de
contemplação, de conquista, de algo inesperado que nos afeta positivamente,
sempre dá-se um jeito, de no meio dessa alegria temporária, ‘cornetar’ de
alguma maneira. Reclamar. Procurar o erro. Ninguém tem a mente dos ursinhos
carinhosos.
Estive pensando no quanto taxamos
nossa própria felicidade. Já temos tanto domínio na arte de rotular qualquer
coisa, que até os bons momentos somos capazes de parar pra definir, e não
meramente aproveitá-los. Seja o fim-de-tarde olhando o mar, ou “Ahh, a
felicidade está nos pequenos detalhes”, ou no gol do seu time, no beijo da
namorada... os momentos de deleite, aí, todos taxados. Muitas vezes, daí o meu
incômodo, deixando de ser sentido para ser pensado, ser definido.
Na esperança de que possa-se
repetir a sensação, recobrar o sinestésico momento, há uma paralisação para a
racionalização. Um construto mental que possa, a partir do decoro, permitir a
repetição até se atingirem todos os níveis possíveis de satisfação de dado
momento ou causa. Pensa-se, pensa-se, matuta-se, guarda-se... mal podemos
lembrar que isso pode levar à saturação e não à maturação.
E o que isso tem a ver com a
introdução? Tudo. Na minha constante luta por liberdade, penso tanto em
memorizar o por quê de dada felicidade instantânea que, deixo de aproveitá-la,
ou não maximizo o deleite. Acredita-se tanto que a felicidade se encontra na
liberdade, que algumas vezes tornamo-nos escravos do próprio pensamento na
busca do “momento perfeito” ou “ideal”. De plena alegria, de alma leve, solta e
quase saltitante.
Vou lhes contar um segredo...
isso aí só pode ser sentido. Nunca poderá ser pensado, nem refeito. Apenas pode
ser degustado por nossos 5 sentidos. O cérebro proporciona muitas coisas, mas
felicidade mesmo, quem leva é o que, de certa forma abstratamente, definimos
como coração.
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