Monumento
mo.nu.men.to
sm (lat monumentu) 1 Obra de arte levantada em honra de alguém, ou para comemorar algum acontecimento notável. 2 Construção ou obra de escultura digna de admiração pela sua antiguidade ou magnificência. 3 Mausoléu. 4 Obra intelectual ou material digna de passar à posteridade. 5 Lembrança, recordação.
Ao ouvir a palavra monumento, via de regra, nos vem a mente uma grande estrutura,
uma escultura em pedra ou metal. Pululam em nossas mentes imagens do
Cristo Redentor, Torre Eiffel, Taj Mahal. Ou descrições de
grandiosidades perdidas no passado, como o Mausoléu de Halicarnásso, a
Biblioteca de Alexandria e a estátua de Palas Athena. Perfeitamente correta essa acepção. Entretanto, pretendo falar hoje de uma compreensão um tanto quanto diferente dessa palavra.
Me incomoda a visão estática que se tem dos monumentos, de que são estruturas fixas, que remetem a um momento, personagem ou sentimento exato.
Me lembro de um fato, durante as guerras na Grécia antiga, quando uma batalha era vencida, um monumento era erguido com os escudos e armas do exército inimigo. No ponto em que este começou a recuar, ponto este denominado tropein, de "dar a volta" e o monumento de tropaion, o qual originou a palavra troféu. Mas qual o intuito disso? Qual o porquê desse tipo de atitude?
Não me satisfaço com a resposta "comemorar um acontecimento notável", ou "lembrar os personagens desse evento". Na minha visão responder desta forma é confundir um mecanismo com um fato.
Digo isso raciocinando que o ato de lembrar, por mais que nos seja caro, ainda é pouco perto do que pode nos suscitar um monumento.
Ao marchar no campo de batalha ao lado de um monumento feito com os espólios do inimigo será que os soldados gregos apenas se lembravam que naquele lugar, em um certo dia, de um certo mês, houve uma vitória? Nada mais agia neles? Não havia algo dinâmico, motor, ativo?
Contemplar, ou melhor, vivenciar um monumento é, ao meu ver, algo mais do que lembrar. Mas sim, através dessa lembrança, suscitar ideias, revoluções, quebras e construções de pensamento.
Os Lusíadas foram escritos para homenagear a bravura dos portugueses no tempo das navegações. É uma "4 Obra intelectual ou material digna de passar à posteridade", é uma lembrança, a sinalização de um marco na história, mas para além disso, é um marco capaz de tocar profundamente aquele que o olhar atentamente, que vivenciá-lo. Por isso traz em si um caráter monumental.
O Cristo Redentor me aparece como um monumento quando ao fitá-lo me permito um espaço. Um espaço de calar para vivenciar a contemplação, para lembrar que a construção dele foi feita com donativos da população de todo o país, para me indignar com o fato de que o acesso a ele, que deveria ser um bem público, é realizado necessariamente por uma empresa de vans, (ou pagando o mesmo valor da passagem em um "ingresso" caso você suba a pé pela trilha), ou simplesmente, me transformando em sua presença. Monumentos, no meu pensamento, são complexos com os quais entramos em contato e que fazem isso, nos transformam e nos transmutam. Dessa forma, considero que hajam em nosso cotidiano muito mais monumentos do que imaginamos, muito além das armações de concreto e aço, um pouco além do papel e tinta.
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