quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Titanomaquia Parte 2 - O Monte Olimpo

Capítulo 10

- Peguei-a Óbulo! Peguei-a! Gritava Zeus efusivo.

- Mantenha-a firme Zeus, vamos evitar mais surpresas desagradáveis. Agora, senhorita, poderia trazer nossos amigos de volta à consciência?


Métis lutava ainda de costas para seu atacante, incapaz de vê-lo, a aproximação da águia fazia a situação piorar. Maldita hora em que resolvi desvendar os mistérios de Réia, maldita curiosidade, maldita sede de conhecimento! Assim que tiver uma oportunidade irei cravar meu punhal no peito deste bárbaro que me mantém presa, depois me preocupo com a ave.
Já de frente para a jovem Óbulo insiste - Vamos lá minha cara, imaginei que dissipar o aroma cortaria o efeito de seu sortilégio, vejo que não funcionou. Então, como faço para reaver nossos companheiros?

- Bem... posso desfazer o feitiço, mas não assim presa, necessito de meus movimentos.

Óbulo meneou a cabeça. - Me tomas por um tolo Métis? Acaso não acabo de ver o que fez com todos os Curetes em tão pouco tempo?

- Não era minha intenção, isso tudo foi um mal entendido. Estava apenas sendo cautelosa, que reação esperava de alguém que encontra uma equipe de guerra?

Neste ponto Zeus interfere sorridente. - Ora Óbulo, se ela precisa estar livre para retirá-los desse torpor, que seja. Confio que não nos fará mal algum. Dizendo isso soltou a Oceaniade, antes que a Águia pudesse se opor a tal ideia.

Ao se ver livre Métis sacou seu punhal virou-se para atacar Zeus, o qual em um hábil movimento segurou-lhe o punho com firmeza, sem perder o ar sorridente e jovial. Ao olhar pela primeira vez o jovem filho de Cronos face à face, Métis se surpreende e balbucia um inauldível pedido de desculpas enquanto deixa sua arma escapar por entre os dedos.

- Viu? Não lhe disse que ela era de confiança, agora pode libertar meus amigos... Métis, certo?
Desnorteada a oceaniade espalha um aroma cítrico pelo ar, e segue com movimentos rápidos dos braços. Rapidamente os Curetes despertam sem compreender como Óbulo e Zeus estão presentes, e, principalmente, o que aconteceu com a bela dama, para que sua expressão mudasse da altivez imponente para a confusão subserviente.

Com a situação sob controle Óbulo ordenou que Alcmon construísse algo que a mantivesse presa, pois ainda não sabiam de suas reais intenções . Os demais Curetes seguiram escoltando a beldade enquanto Zeus libertava o lobo utilizado como distração por Métis.

- Pobre animal, também estava sobre os encantos dela. Enquanto falava Zeus afagava carinhosamente a criatura. - Mas não posso culpá-lo, ela é mesmo encantadora, não?
Óbulo notou que a feiticeira caminhava com passos curtos, volta e meia olhando para trás, então, dirigindo-se a Zeus:

- Acha que não vejo o que está fazendo, jovem Zeus?

- Ora Óbulo, só falta me dizer que agi de forma errada!

- Arriscou-se por um flerte Zeus! Poderia ter saído seriamente ferido deste encontro!

Mirando os já distantes belos olhos de Métis, negros como as fendas abissais do Oceano, Zeus sorrindo ousou argumentar.

- Nesse tipo de encontro Óbulo, é a inanição que nos deixa seriamente machucados, não a atitude.

Vendo-se incapaz de refutar tal argumento Óbulo indaga:

-
Então Métis é a criatura com quem desejas compartilhar seu destino?
Já de pé, após libertar o animal que se embrenhara na mata, Zeus sentiu um calafrio passar seu corpo com o comentário da Águia.

- Compartilhar o destino Óbulo!? Você transforma qualquer cosia em uma epopéia! Digamos que pretendo compartilhar nossos destinos, mas isso não quer dizer que o faremos para sempre.

Com um sorriso jocoso Zeus indicou que voltaria ao acampamento, o que fez com que Óbulo alçasse voo.


Caminhando floresta a dentro Métis piscou repetidamente os olhos. Teria sido um feitiço? O que aquele jovem teria feito a ela? E qual seria a fonte de todo o poder que emanava de seu corpo?

Absorta nestes pensamentos seguia conduzida pelos guerreiros, volta e meia arriscando olhar para trás, e sempre que o fazia encontrava o olhar fixo e imponente que a fitava com um sorriso simpático.

Ela notou que todos os membros da "comissão" em algum momento deixaram seu posto e foram até o jovem para uma breve conversa, ao que tudo indicava se preocupavam com ele.



À frente do grupo, em marcha acelerada, ia Alcmon, incumbido por Óbulo de construir algo capaz de reter Métis. Enquanto corria pela mata uma gama de possibilidades se desarcotinava pela mente de Alcmon. O guerreiro pensava nos materiais que poderia usar, e como dispô-los de forma a rapidamente construir algo improvisado, mas resistente, depois pensaria em uma cela melhor. Ao chegar ao lugar chamou alguns sátiros e comandou-os para que buscassem determinados materiais.

Vinte minutos depois, quando os demais chegaram em frente ao Monte Ida encontraram uma grande armação de cipós, juncos, galhos, argila, e outros elementos da natureza, que por mais improvisada que parecesse à primeira vista, com uma análise mais minuciosa, se mostrava resistente e bem engenhada.

Colocando a ninfa em sua cela Célmis, o líder dos Curetes deu espaço para que Óbulo pousasse.

- Vamos lá minha cara, comece nos contando como chegou aqui. Alguém lhe enviou?


Com sua altivez recuperada Métis fitou diretamente os olhos de seu inquisidor para responder:

- Bela ave, Óbulo, certo? Estou aqui por conta própria, trilhei meu próprio caminho. Como bem deves saber as coisas não vão bem no Monte Ótris há tempos. Desde que Réia transmutou minha irmã Ásia em uma vasta extensão de terras que agora encobre a parte oriental de Gaia Jápeto vive afastado, no extremo Oriente, cavando e arrancando rochas na esperança de reavê-la, tolo. Réia não engravidou mais, ninguém sabe a extensão do sortilégio que a atingiu, mas todos ficaram muito satisfeitos de seu rompante de ódio ter cessado contra Ásia. Todos menos eu.


- Por quê?



- Ora meu caro, por que não faz sentido! Quando se voltou contra os demais Titãs Réia ainda não tinha como saber se estava infértil, como, após constatar tal fato, ela se manteve calma ao invés de explodir em fúria contra os culpados?


- E a partir desse ponto...


- A partir desse ponto entrei em contato com as ninfas de seu séquito, e após muito tempo reunindo informações descobri que antes do nascimento do último filho Réia veio ao monte Ida, para algum tipo de culto. Então imaginei que ela guardasse por aqui algo de grande valor ou poder.


- E por isso veio para cá sozinha? Inquiriu desconfiado Óbulo.


- Vim pois me preocupo com meu futuro, imaginei que Réia guardasse algo perigoso, com a pretensão de usar contra os demais Titãs em uma vingança, o que poderia afetar meu pai ou até mesmo a mim. Entretanto
, disse Métis lançando um olhar sorridente para Zeus, mudei de ideia quanto a periculosidade do que é guardado por vocês.
Visivelmente aborrecido Óbulo deu um profundo suspiro enquanto movia a cabeça de um lado para o outro.

- Eônis, veja se nossa "hóspede" carece de algum alimento, Jásio, venha comigo preciso pensar no que fazer. Ah, e Zeus, mantenha-se longe de Métis!

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