domingo, 31 de agosto de 2014

O Alquimista


Por dentre frascos empoeirados e cheiros exóticos, sob o olhar atento de uma coruja e o ronronar de um gato o Alquimista vive.

Pelo menos no imaginário do povo.

A realidade é bem menos romântica. A antiga Arte é feita com bem menos fantasia e até hoje continua sendo praticada por seus adeptos nos mais improváveis lugares, ainda sob a égide dos mesmos pilares - Saber, Querer, Ousar e Calar - mas este último está cada vez mais difícil de ser mantido nesses tempos modernos.


No entanto, a razão que me motivou a escrever esse texto não foi falar sobre os pilares da magia, mas algo muito anterior, tão antigo que virou até uma "piada" entre os leigos, chego a apostar com você, caro leitor, que já ouviu essa frase quando o seus professores falaram sobre os alquimistas no colégio,  em aulas de química ou história, fazendo-os parecer tolos e buscadores do impossível.

"Transformar chumbo em ouro"

Essas palavras quando vistas por um observador desatento poderiam passar batido e apenas reforçar o preconceito existente acerca do tema, mas vos convido a ter um olhar mais demorado sobre essas palavras e tentar entende por que homens ilustres dedicaram sua vida ao tema.

O real objetivo dessa frase não é algo físico, mas sim psicológico e interior a cada pessoa, é transformar o chumbo da alma -  ignorância, medo, orgulho, etc - no ouro da Alma - conhecimento, coragem, humildade - este processo de transformação alquímica é demorado e requer muito esforço por parte do neófito, pois cada ação, palavra e pensamento conta e não pode ser negligenciada sob a desculpa que a situação ou momento o forçou a fazer algo que sabia que era errado.

Se você sobreviveu até essa parte do texto, vou poupá-lo de continuar com essa embromação teórica e trazê-los um exemplo que gostaria de compartilhar.

Durante muitas noites tive um pesadelo sobre uma situação que há muito vinha me correndo por dentro, era como se tal qual Loki, eu estivesse acorrentado em uma pedra e de tempos em tempos o veneno de remorso pingasse em meus olhos fazendo-me praguejar contra o mundo, mas diferente do Deus trickster, a cada nova gota, também refletia sobre o que me levou aquela situação e como estava no momento.


Curiosamente, as gotas foram ficando cada vez mais raras e nessa noite, quando o veneno veio reclamar seu efeito, não praguejei e acordei diferente, mais maduro talvez, ainda não sei, mas acredito que nesse processo de transformação alquímica eu não seja mais tão chumbo quanto era.

Um comentário:

Wolv disse...

Seu texto me fez lembrar de um livro que li recentemente: O Símbolo Perdido, do Dan Brown. Apesar do estilo "novela de folhetim" característico do Dan, e das fantasias inerentes à aventura fantástica contada no livro, esta obra, em especial, traz muito dessa filosofia do transformar chumbo em ouro e devo dizer que me fez pensar muito e evoluir, de certa forma. Recomendo a leitura, meu nobre.