sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fluxo etílico

Estou no Terminal Leste, a garota que desce do ônibus na minha frente usa o mesmo perfume que ela costumava usar, cheiro de estrelas.

Se as estrelas tiverem um cheiro, provavelmente será o perfume dela. As lembranças fazem meu coração doer e meus olhos encherem de lágrimas, mas não choro. Tento esquecer isso enquanto entro no trem.

Ele caminha lentamente e meu olhar perdido observa o chão durante todo o percurso. Lembro das palavras de Hemingway, “Um homem inteligente é por vezes forçado a embebedar-se ou a isolar-se, para conseguir agüentar os idiotas com que se vai cruzando todos os dias.”. Ele não poderia estar mais certo.

Desço no Brás, centenas de pessoas passam por mim, elas tem feições cansadas, a grande maioria nem me nota, somente aquelas que esbarram em mim percebem a minha presença na grandiosa estação.

Pego a linha Vermelha em direção ao Palmeiras. Uma mulher entra no metrô com a garota que seria minha filha, caso nós continuássemos juntos, essa visão faz meu coração voltar a doer. Talvez seja saudade do que nunca senti.

O Anhangabaú é uma estação feia, mas curiosamente, é o lugar em que me sinto mais a vontade em toda a cidade. Gosto de passar por seus corredores e escadas passando por pessoas que nunca mais encontrarei.

Compro um lanche em um dos quiosques que margeiam o Terminal da Bandeira, a atendente me dá duas opções, escolho uma, mas o lanche que recebo era a opção que não escolhi. Penso em reclamar, mas chego a conclusão que seria inútil.

Ainda sinto fome. Como um lanche em cada um dos outros quiosques que existem por lá. Ainda não sei por que fiz aquilo.

Chego em casa e começo a escreve esse texto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Larica, meu amigo, LARICA...